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Agência IBGE – Em cerca de quatro de cada cinco domicílios no país, nenhum morador viajou nos meses de abril a agosto de 2019. O motivo alegado em quase metade dos casos foi falta de dinheiro. Daqueles em que houve alguma viagem, mais da metade ocorreu dentro do próprio estado. Das viagens por motivos pessoais, mais de um terço foram para visitar parentes ou amigos, seguidos por lazer e para tratamento de saúde. Quase metade das viagens foi feita de carro particular ou de empresa. Esses são alguns dos resultados da PNAD Contínua Turismo – 3º trimestre de 2019, divulgada hoje (12) pelo IBGE, em convênio com o Ministério do Turismo.
“A pesquisa tem como objetivo desenvolver uma conta satélite de turismo associada às Contas Nacionais, além de gerar informações básicas sobre o turismo doméstico, que auxiliem em políticas públicas e entidades privadas do setor”, explica a pesquisadora Flavia Vinhaes.
Dos 72,5 milhões de domicílios visitados, em apenas 21,8% algum morador tinha viajado. “O turismo é marcado pela sazonalidade. A pesquisa na amostra de domicílios cobriu o período de abril até agosto, que não inclui a alta temporada de viagens, geralmente em dezembro e janeiro. Na versão atualizada da pesquisa, que está em campo ao longo de todos os meses de 2020, poderemos captar uma imagem ainda mais precisa do turismo doméstico”, ressalta a pesquisadora.
Em quase metade dos domicílios onde não houve viagens o motivo alegado foi econômico
Em quase metade dos 56,7 milhões de domicílios (48,9%) onde não foram registradas viagens, o motivo informado foi falta de dinheiro. Outras razões mais alegadas foram a falta de tempo e não ter havido necessidade. “No recorte por rendimento, entre os domicílios com rendimento nominal per capita abaixo de dois salários mínimos, a principal causa de não viagem foi a falta de dinheiro. Já na faixa de dois ou mais salários mínimos, a causa predominante foi a falta de tempo”, observa Flavia Vinhaes.
Uma em cada quatro viagens na faixa de meio a um salário mínimo é para tratar da saúde
Dos 21,4 milhões de viagens investigadas, 18,5 milhões foram por motivos pessoais. Entre elas, 36,1% foram para visitar parentes, 31,5% em busca de lazer e 17,5% para tratamento de saúde e bem estar. O lazer foi o principal motivo de viagens nas classes de rendimento a partir de dois salários mínimos, chegando a 55,4% dos domicílios na classe de quatro ou mais salários mínimos. Já entre os domicílios na faixa de até menos de um salário mínimo, mais de 60% das viagens foram para visitar parentes ou fazer tratamento de saúde. “Observamos que as pessoas nas camadas de renda mais baixas saem mais do município para buscar tratamento de saúde e bem estar. Na faixa de meio a menos de um salário mínimo, cerca de uma em cada quatro viagens foi para tratar da saúde. Esse motivo não é representativo no grupo de quatro ou mais salários mínimos, chegando a apenas 4,6%”, analisa a pesquisadora.
Em 34,3% das viagens de lazer, os moradores foram buscar descanso e entretenimento em praias. Já as viagens para destinos culturais representaram 27,2% do total, enquanto uma em cada quatro viagens foi para fazer ecoturismo e aventuras. O turismo praiano foi predominante em todas as classes de rendimento exceto naquela a partir de quatro salários mínimos, onde 34,4% da viagens foi para lazer cultural.
Quase metade dos viajantes se hospeda na casa de parentes ou amigos
A casa de parentes ou amigos foi o destaque entre os locais de hospedagem, representando 47,3% do total de viagens. Em segundo lugar ficou a opção hotel ou flat. Nas viagens por motivos profissionais, as posições se inverteram. As pousadas têm um participação muito baixa, com uma exceção regional: no Rio de Janeiro, elas representam 10,8% do total de hospedagens. No recorte por rendimentos, o hotel ou flat só ficou em primeiro lugar na classe de quatro ou mais salários mínimos, com 38,1%, seguido de perto pela casa de parentes ou amigos, com 35,5%.
Carro particular ou de empresa é mais usado para viajar do que ônibus ou avião
O carro particular ou de empresa foi o meio de transporte predominante, com 46,6%, seguido pelo ônibus de linha 16% e pelo avião, com 15,3%. Nas viagens profissionais, a participação do avião subiu para 30,5%. Na classe de rendimentos de menos de meio salário mínimo, o ônibus de linha ficou à frente, com 26,5% do total; em todas as demais classes, o carro particular ficou na primeira posição. Mesmo na faixa de quatro ou mais salários mínimos, o automóvel ficou com 46,2% do total, seguido pelo avião, com 42,3%.
Maior parte das viagens é para o próprio estado
O Sudeste é a região que mais recebe e envia viajantes, seguida pelo Nordeste e Sul. Apenas no Sudeste e no Norte, há mais pessoas saindo em viagem do que sendo recebidas. Entre os estados mais procurados por viajantes, São Paulo está em primeiro lugar, com 18,9%, seguido por Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. “Isso reflete a forte influência do turismo local, ou intrarregional. Por exemplo, quem mora no estado de São Paulo costuma visitar mais outros municípios no mesmo estado, numa proporção acima de 50%. Isso acontece em todos os estados. Por ter a maior população do país, São Paulo lidera o ranking, tanto em viagens de trabalho quanto de lazer”, explica Flavia Vinhaes.