Mensagem de sábado, 07.07.12
Havia um sítio que ficara alguns anos abandonado.
O novo proprietário optou por sua renovação. Aos poucos, a beleza foi retornando: manchas desordenadas de arbusto foram substituídas por canteiros de flores; as árvores frutíferas receberam cuidados, e os caminhos internos foram redesenhados, assim como a pequena fonte. Um pequeno parreiral, com meia dúzia de parreiras, sobreviveu aos anos de abandono e ostentava soberba vegetação. No entanto, pouco produzia:apenas alguns pequenos cachos de uvas amargas. Aparentemente, o adubo colocado não trouxera resultados. No fim do inverno, um agricultor experiente foi convidado a avaliar o parreiral para adotar as medidas necessárias.
Um dia, ao valor da cidade, o proprietário ficou espantado. Pouco restava do parreiral. Mãos inexperientes haviam-no praticamente arrasado: grandes galhos, cheios de vida, foram cortados. Sobrara apenas um esqueleto mutilado do que fora um lindo parreiral. Entristecido e irritado, o proprietário pensou em telefonar para o desastrado agricultor, embora tivesse chegado à conclusão de que nada adiantaria.
O tempo passou. Certo dia percebeu que o parreiral estava novamente verde: brotos viçosos saudavam a primavera. Posteriormente, estavam carregados de pequenos cachos de uva. Desenvolveram-se e assumiram uma coloração aveludada. Seu aroma começou a ser percebido a distância. Finalmente, uvas abundantes e maduras. Só então entendeu a finalidade da poda. Durante anos de tranqüilidade, as parreiras nada haviam produzido, mas, após o corte dos ramos, explodiram no milagre da colheita.
Muitas vezes, isso ocorre com as pessoas. Choramos os golpes que a vida nos dá, sofremos silenciosamente as perdas e nos convencemos de que a vida não tem mais sentido. Faz frio, e a noite parece sem estrelas e sem fim. Entretanto, ao chegar a primavera, a vida renasce em toda a parte. A dor fica para trás, e encontramos sonhos novos, novas perspectivas e um novo sentido para a vida. Então percebemos que o sofrimento não foi inútil.
Mensagem retirada do livro Histórias de vida de Dom Itamar Vian e Frei Aldo Colombo.