Zona Rural

Sindicato promove Semana do Agricultor em Feira de Santana com pauta sobre políticas de permanência no campo

Sindicalista ressalta o papel do agronegócio na geração de emprego e renda para a população, mas destacou que esse modelo de agricultura não está voltado para o consumo interno.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Será realizada entre os dias 25 e 27 de julho, em Feira de Santana, a Semana do Agricultor. O objetivo principal deste evento, segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintrafs), Conceição Borges, é acolher e dialogar com a categoria e chamar a atenção das autoridades para as necessidades do cultivo e de mais investimentos na zona rural do município.

“Se o campo não planta, a cidade não janta. E mesmo em meio a tudo o que está acontecendo, as chuvas que estão regulares, a gente já percebe que o feijão não está muito bem e não terá a safra que a gente imagina, porque falta investimento na zona rural de Feira de Santana. Mas a gente vai louvar, a gente vai agradecer. Então a gente começa a semana do agricultor no dia 25, às 7h, na sede do sindicato, recebendo nossas empreendedoras, que vão organizar os estandes. Às 9h, a gente começa a fazer aquele momento de acolhida, e às 11h será celebrada aqui pelo padre Pedro Júnior, uma missa de ação de graças pelo Dia do Agricultor”, informou Conceição Borges.

Segundo ela, logo após a missa de ação de graças, no dia 25, haverá uma feijoada solidária e apresentações culturais.

“Na terça-feira (26), a gente continua com os estandes no sindicato, vai ter a roda de conversa, onde a gente vai tratar de uma pauta que será entregue a todos os candidatos, apresentando os problemas que a gente tem hoje para produzir alimentos, e qual seria o investimento necessário para garantir a dignidade ao homem do campo, e a permanência de forma justa, com a produção que garanta a sobrevivência”, destacou.

Já no dia 27, o evento irá realizar uma feira com trabalhadores de todas as regiões da Bahia, no Centro de Cultura Amélio Amorim.

“A nossa previsão é de que dia 27 vamos estar com 800 trabalhadores de Feira e do estado da Bahia, em um momento de troca solidária de produtos. Vamos receber alguns indicativos de documentos, aprovando uma comissão, que vai entregar essas pautas da agricultura familiar para todos os pré-candidatos, e vamos ter esse momento de partilha, de confraternização, encerrando no dia 27, às 15h”, explicou.

Conceição Borges expressou o seu sentimento em relação à falta de mais investimentos nos setores produtivos da cidade e outras regiões da Bahia. Na opinião dela, a falta de perspectiva é o que tem feito os jovens a abandonarem o campo, migrando para as zonas urbanas em busca de outras oportunidades.

“Somos nós da agricultura familiar que mandamos alimento para a mesa do nosso povo. Temos sido totalmente desprestigiados, principalmente do ponto de vista do investimento. E aí a gente tem que se organizar, temos que tratar dessa pauta, porque hoje a agricultura familiar não convence mais os jovens a permanecerem produzindo. Estamos envelhecendo, e não tem a nossa juventude, a nossa criançada para fazer essa sucessão. Se nada for feito, se a gente não trazer esse debate, se nossos governantes não compreenderem isto, vai chegar uma hora que todo alimento vai vir de fora”, desabafou.

Ela ressaltou ainda o papel do agronegócio na geração de emprego e renda para a população, mas destacou que esse modelo de agricultura não está voltado para o consumo interno, e sim para a exportação.

“O agronegócio tem seu papel, tem sua importância, principalmente na geração de renda. Mas o agronegócio não manda alimento para a mesa, o mercado interno. É todo para a exportação. E não bota comida na mesa, principalmente essa comida saudável, que a gente tanto luta. E nos últimos anos, os investimentos para o campo foram poucos ou nenhum, e estamos preocupados, porque nossa juventude não tem disposição, não tem formação suficiente, não está convencida de que estando no campo irá se sustentar da agricultura familiar. Hoje o nosso povo, mais da metade, mora no campo, mas a renda não vem do campo, a renda vem de outras atividades, principalmente urbanas, e isso realmente nos preocupa”, salientou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O Sintrafs tem 51 anos de existência em Feira de Santana, e está localizado na Rua Juvêncio Erudilho, no bairro Barroquinha. Segundo a última atualização, há mais de 20 mil agricultores cadastrados pela entidade. No entanto, conforme Conceição Borges, esse número está desatualizado, porque muitos trabalhadores migraram para outras áreas e o sindicato precisa atualizar as informações no sistema.

“Tem gente que já não está mais aqui, que mudou de profissão, que mudou de estado. E a gente está organizando isso no sistema, mas é uma dificuldade danada. É importante dizer que o único órgão que representa a agricultura familiar no município é o sindicato, então neste sentido, a gente representa todos os agricultores e agricultoras, independente de eles estarem ou não filiados à nossa entidade”, completou.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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