Muitos beneficiários do Auxílio Brasil, em Feira de Santana, têm sido vítimas de fraude no recebimento do recurso, que é destinado pelo Governo Federal à famílias de extrema pobreza e daquelas em situação de pobreza, desde que possuam entre seus membros, pessoas gestantes ou menores de 21 anos.
A fraude consiste em falsificação da identidade da vítima. Os golpistas conseguem obter os dados através da internet por meio de quadrilhas especializadas no assunto, e com um documento falso em mãos se dirigem a uma lotérica para sacar o dinheiro no lugar do verdadeiro beneficiário.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Lotéricos da Bahia, Rudival Rodrigues da Silva Filho, somente na semana passada, cinco pessoas foram presas em Feira de Santana praticando este tipo de crime.
“Os golpistas têm acesso à base de dados de algumas pessoas ou de muitas delas que têm direito ao Auxílio Brasil e falsificam os documentos com as informações, aliciam pessoas em diversas cidades do Brasil, prometendo dinheiro fácil. Muitas vezes, um cidadão está aqui em Feira de Santana e é aliciado pelo golpista para entrar nessa onda de receber o documento falso pela internet, fazer a impressão e ir para a casa lotérica sacar o dinheiro de forma fraudulenta”, reiterou o diretor.
Conforme Rudival Rodrigues, os beneficiários recebem o auxílio por meio da conta digital da Caixa Econômica Federal. Para sacar, basta gerar um código PIN e conferir junto ao guichê. Além disso, é preciso apresentar um documento oficial com foto. No entanto, a imagem do beneficiário não aparece na tela do computador para conferência no sistema.
“É nessa hora que o golpista apresenta o documento falso. Esse golpe está sendo aplicado principalmente na lotérica por conta da facilidade, porque na Caixa Econômica a fila é muito grande, demora para você ser atendido. Então eles preferem a casa lotérica por conta da rotatividade, o horário de atendimento, que é mais estendido, e a facilidade de acesso à quantidade de casas lotéricas que têm hoje na cidade. O golpista chega com um documento, onde somente a foto é dele, e os dados é da vítima. Muitas vezes os dados vêm todos perfeitos, e não tem como a gente identificar se o documento é falso ou verdadeiro. Quando os golpistas são um pouco distraídos e colocam alguma informação errada, a gente observa na base de dados da Caixa e percebe a divergência, aí a gente já sabe que não pode pagar aquele benefício”, explicou.
O diretor do sindicato afirmou ainda que quando o autor do golpe não consegue efetuar o saque em uma lotérica, muitas vezes ele se dirige a outras até conseguir, e quando o saque é efetuado, caso seja descoberto, o estabelecimento pode até fechar as portas por algum tempo.
“Se uma lotérica paga o auxílio a alguém que está praticando um golpe, a Caixa Lotérica vai apurar se o documento batia as informações, saber se houve algum dolo pela casa lotérica, e ficando provado que a empresa não tem nada a ver, não será fechada. Mas se a casa lotérica, porventura, ainda não tiver as imagens do saque e as informações necessárias para comprovar aquela situação, a casa lotérica ficará fechada. Eu acredito que teria que mudar a forma de autenticação para liberação do valor, pois é muito frágil essa forma de sacar o dinheiro, apenas com um código PIN através do telefone e o documento, que muitas vezes o lotérico e a funcionária não tem como afirmar se é falso ou verdadeiro, pois não somos peritos.”
Rudival Rodrigues orienta que as casas lotéricas redobrem a atenção e os funcionários estejam sempre atentos a todas informações, como nome da mãe, do pai, CPF, RG, data do nascimento, para evitar que qualquer divergência de dados passe despecebida.
“Esse golpe começou a partir do momento que foi liberado o Auxílio Brasil e como depois tivemos o aumento para R$ 600, está sendo muito dinheiro à disposição para a população, e aí as quadrilhas começaram a perceber esse nicho, que muita gente tem direito e não saca o benefício ou demora de sacar. A quadrilha fica de olho através da base de dados e falsifica esses documentos para sacar o dinheiro. Caso a lotérica não tenha nada a ver com essa situação e o documento estava com todas as informações, a Caixa vai apurar e certamente vai recair sobre ela. Mas se foi um erro da lotérica, da funcionária em não conferir, certamente esse prejuízo vai recair sobre a lotérica. As lotéricas estão com contato direto com a Polícia Militar (PM), que está ciente disso, e assim que o documento falso chegar até a lotérica, a polícia deverá ser acionada”, ressaltou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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