O meu amigo Zé Coió, no jornal Noite e Dia, – edição de 02 a 08/10 de 2020 – provocou os leitores com perguntas angustiantes: “Será um castigo, Senhor? Será o fim dos tempos? Fogo nos Estados Unidos, fogo no Brasil, roubalheiras, assassinatos… Por que o homem ficou tão embrutecido que fez do paraíso um verdadeiro inferno? Toma jeito, homem, será que é tão difícil ser feliz?”
O SILÊNCIO de Deus nos incomoda e nos assusta. Mas, tenhamos certeza: Ele não quer a destruição da natureza, a violência, a doença, a morte… Quer que todos sejamos felizes. Não é Ele que manda tantos males. Permite que aconteçam porque são conseqüências das ações, das escolhas mal feitas, das omissões e das irresponsabilidades do próprio homem. A visão de um Deus que castiga e oprime, não está de acordo com os ensinamentos da Bíblia.
CERTA VEZ, indignado com o silêncio de Deus perante tanta injustiça, um homem entrou em uma igreja e, junto ao altar, pôs-se a gritar: Tanta maldade no mundo, e o Senhor não faz nada? Não reage à violência, à miséria, a tanto sofrimento de suas criaturas?”. Deus quebrou o silêncio e respondeu: “Eu já fiz”. “Como fez?” “Fez o quê?”, indagou o homem revoltado. “Fiz você”, disse Deus. Um provérbio afirma: “Deus ajuda quem madruga”. Ele costuma agir através das criaturas e acontecimentos.
SE O MUNDO não vai bem, se existem guerras, fome, doenças, pandemias, roubalheiras, incêndios… não podemos culpar Deus ou pedir que Ele mesmo resolva esses problemas. Podemos esperar milagres de Deus, mas devemos utilizar os recursos ordinários para resolver nossos problemas. Ajuda-te que Deus te ajudará, afirma a sabedoria popular. Deus age através de nós.
NUNCA esqueçamos que, aos olhos da fé, devemos ver a ação de Deus em tudo. Ele está presente em tudo o que acontece mesmo que seja algo, aparentemente, absurdo como a morte de uma criança. A fé nos ensina que tudo concorre para o bem dos que crêem e amam a Deus. A grandeza de Deus é transformar o mal em um bel maior. Deus vence o mal sem destruir a sua existência.
SENHOR, pedes-nos para não ter medo. A nossa fé, porém, é fraca, e sentimo-nos temerosos. Mas tu, Senhor, não nos deixes à mercê de tantos males. Continua a repetir-nos: “Não tenhais medo.” (Mt 14,27). E nós, “confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós.” (1Ped 5,7).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito