Blog do Vlad

Os 20 centavos

Cinco anos depois, em maio de 2018, os protestos são por um desconto no litro do diesel necessário ao transporte de cargas no Pais.

Em 2013, os protestos populares eram contra o aumento de R$0,20 no transporte coletivo de passageiros.

A mobilização popular levou à derrubada da PEC 37, que pretendia proibir o Ministério Público de investigar crimes.

Já imaginou se procuradores da República e promotores de Justiça tivessem sido impedidos de apurar ilícitos em 2013? Onde estaríamos agora?

Os protestos daquele ano também levaram o Legislativo a aprovar a Lei Anticorrupção Empresarial (Lei 12.846) e a Lei do Crime Organizado (Lei 12.850), que contribuíram decisivamente para o avanço do processo histórico que vivemos desde a redemocratização do País em 1984.

Aí veio a Lava Jato em março de 2014, e essas duas leis foram pilares fundamentais para o êxito da investigação, inclusive para sua expansão internacional.

É certo que, por uma série de fatores institucionais, sociais e da economia, vivemos um novo cenário de busca pela integridade e de luta contra a corrupção, que encontra eco na Agenda 2030 das Nações Unidas, notadamente no Objetivo 16 do desenvolvimento sustentável: redução da corrupção em todo o planeta, como um dos meios de alcançar saúde, educação e igualdade, promover a transparência e a responsabilidade e obter infraestrutura, a fim de chegar ao desenvolvimento.

Em 2014, a Lava Jato começou investigando um esquema criminoso que funcionava num posto de gasolina situado em Brasília. Daí o nome da operação, como todos sabem.

Cinco anos depois, em maio de 2018, os protestos são por um desconto  no litro do diesel necessário ao transporte de cargas no Pais.

Começamos com ônibus que levam pessoas; agora são caminhões que carregam (ou param) o Brasil.

O caos criado nos postos de combustível e nos setores dependentes do rodoviarismo nos faz lembrar que uns poucos centavos podem ser muito importantes, agora, como foram antes.

Não sabemos aonde esta mobilização nos levará.

Precisamos de diesel e gasolina para chegar lá (aonde quer que seja), mas seguramente não precisamos de “gasolina” nem de incendiários no cenário político.

A democracia é um bem precioso e não é a prova de produtos inflamáveis.

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