O papo hoje é reto. Escrevo de dentro de um quarto em obras – um futuro quarto – e cá estou sentada no chão e discorrendo sobre um assunto que domino e continuo aprendendo desde 2009: o tal do marketing imobiliário. Muito além do que e como fazer, essa especialidade do marketing carrega um visão global que é impactada pela política, economia, regionalidade, particularidades dos indivíduos e muitos outros pormenores. Sentar aqui no meio da obra tem um aspecto muito relevante sem deixar de ser meio poético. É que olhando essas paredes já com reboco e ainda sem janelas, lembro-me de trazer o primeiro quesito sobre o Marketing Imobiliário (e sobre qualquer outro que se deseje fazer bem feito): é preciso entender como tudo funciona desde o princípio, ainda quando se fala apenas dos primeiros rabiscos do projeto.
Quem pretende trabalhar com isso ou mesmo se aperfeiçoar, tem que se envolver, sentar com a construtora, o escritório de arquitetura, o departamento comercial, os corretores de imóveis e dar pitaco mesmo. Não pitaco de acordo com a sua visão particular, mas com o olhar de quem dali a pouco tempo será impactado pela comunicação. Reúne-seo time, discute-se, debate-se… coloca tudo, tira um bocado, vai encarecer a obra, certeza que vai vender mais, todo mundo quer, ninguém ofertou ainda, o lugar é bom?, quanto vai custar?, tem 2/4… não, coloca mais um com suíte… puxa, estica, vai!!
Aí, ainda nas mesas de reunião, tudo será levado em consideração e começa-se a “construir” o empreendimento. Porque de tudo isso começam a surgir os argumentos. É necessário observar cada ponto. Coisas ditas e não ditas. No marketing tudo é importante, inclusive o que não usaremos.
Vamos aprofundar mais um pouco. O que as pessoas querem? Preço, localização, facilidade, tamanho? Não existe uma resposta única, mas existem aspectos mais relevantes e sensíveis que o bom profissional pode observar. Vamos aos exemplos: você já ouviu alguém se queixar de que perto de casa não tem mercado para comprar o pão e leite quando esses faltarem bem na hora do café? Com certeza já.
Na sua comunicação, explore o caminho até o empreendimento se nele houver farmácias, postos, restaurantes, mercados… Certamente você também já ouviu – e muito! – pessoas reclamando do trânsito e do tempo que levam para chegar em casa. Que tal usar como argumento a avenida ampla que leva até o local e a rapidez de chegar e sair de casa? Tem gente que diz que não malha porque é uma mão-de-obra sair de casa para ir até a academia… que tal usar o argumento de que o seu condomínio tem uma academia completa? Pra vender ou alugar, é só observar. E ainda tem gente que não nota algo tão simples.
Marketing imobiliário envolve percepção, treinamento, estudo de mercado, experimentação… envolve conhecimento e adequação. Não vamos deixar de lançar porque as taxas subiram. Nem vamos deixar de vender porque achamos que o preço tá alto. Não vamos esperar o momento perfeito. Nem esperar a região crescer pra depois pensar no projeto. No mercado imobiliário a gente ajusta as velas e dá a direção, se a taxa subiu, a gente ajeita a condição. Preço é questão de custo/benefício.
O momento é a gente quem faz e vai atrás. Qualquer região só se desenvolve porque alguém acreditou antes de todo mundo. Marketing imobiliário é pra quem persegue o ato de fazer bem feito e se sente parte de uma realização. É passar por perrengues e sucesso com o mesmo entusiasmo, é acreditar que vai dar certo. Pra quem não desiste e sempre insiste, dá!
Soraya Macêdo é Publicitária formada pela Ucsal e pós-graduada em Gestão Empresarial pela Uefs. Diretora da Formato Ideias com 24 anos de experiência no mercado publicitário, 15 anos lecionando em faculdade e formando novos profissionais, 20 anos à frente da agência e aprendendo coisas novas ainda hoje.