Mensagem de terça-feira, 31.01.12
Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre, seguindo pôr uma longa estrada. Ao passarem próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido. Verificaram e descobriram, caído, um homem.
Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próximo ao coração. O homem tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência. Com muita dificuldade, mestre e discípulo carregaram o homem para o casebre rústico, onde trataram do ferimento.
Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido pôr uma faca. Disse que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse. Disposto a partir, o homem disse ao sábio:
– Senhor, muito lhe agradeço pôr ter salvo minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão pôr sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti.
O mestre olhou fixo para o homem e disse:
– Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informa – lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz.
O homem ficou assustado e disse:
– Senhor, é muito dinheiro. Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!
– Se não podes pagar pelo bem que recebeste, com que direito queres cobrar o mal que lhe fizeram?
O homem ficou confuso e o mestre concluiu:
– Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que te aconteçam nesta vida, pois a vida pode lhe cobrar tudo que você lhe deve. E com certeza você vai pagar muito mais caro.
Um texto do jornalista e escritor Adélio Rosa