por Vladimir Aras
Na esteira do atentado ao presidente do TRE/SE, desembargador Luiz Mendonça, o Tribunal de Justiça de Sergipe anunciou hoje que comprará um veículo blindado. Para que divulgar isso? O objetivo é avisar aos bandidos para que eles não gastem munição?
Sobre o mesmo assunto, o presidente do TSE e ministro do STF, Ricardo Lewandowski, deu uma estranha entrevista à imprensa. Nela não disse uma palavra sobre a segurança da sociedade nem sobre o coitado do motorista, atingido na cabeça. Mas demonstrou estar muito preocupado com a segurança dos juízes eleitorais.
O ministro não notou que a hipótese mais plausível até agora é de que a tentativa de homicídio contra o desembargador Mendonça teria sido consequência da sua atuação como promotor de Justiça e depois Secretário de Segurança Pública de Sergipe.
De segurança precisam todos os servidores públicos envolvidos com a Justiça Criminal, desde os oficiais de Justiça que têm de entrar em zonas sob controle do crime organizado até os ministros do STF, os quais têm carros blindados, escoltas armadas e seguranças devidamente capacitados. Não se pode esquecer dos membros do Ministério Público que enfrentam organizações criminosas e dos juízes que condenam integrantes desses grupos mafiosos, nem dos policiais que os buscam e executam suas prisões. Certo é que, para a segurança pública, o STF muito pode contribuir, se firmar posições contra o oba-oba penal que domina alguns tribunais brasileiros.
Mas Lewandowski disse mais. Leia:
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ricardo Lewandowski, afirmou nesta sexta-feira que o atentado ao presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Sergipe, Luís Antonio Mendonça, representa para os magistrados o que o 11 de Setembro representou para o mundo.
Ele fez referência ao ataque terrorista ao World Trade Center, em Nova Iorque, em 2001, que matou milhares de pessoas.
“Esse atentado corresponde, do ponto de vista simbólico para os magistrados, ao 11 de Setembro para o mundo”, afirmou Lewandowski, em encontro de presidentes de TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), em Brasília.
[…]
“A partir desse 18 de agosto, que é o nosso 11 de Setembro, temos que mudar a cultura relativa à segurança da magistratura”, concluiu Ricardo Lewandowski.
Para ser mais razoável, o ministro poderia ter comparado o ataque ao desembargador Mendonça ao atentado a Carlos Lacerda, que se deu no dia 5 de agosto de 1954 (o “Atentado da Rua Toneloro”). Isto já seria ”over”, pois o ocorrido no Rio de Janeiro teve repercussões dramáticas na História do Brasil. Mas Lewandowski caprichou no excesso ao evocar o “Nine Eleven” e seus milhares de mortos. Olha, nem vou comentar.