Artigo

Minhas ''mulheres''

Como bispo encontrei mulheres gigantes que viveram décadas entre o lixo humano produzido pela injustiça humana e sempre conservaram o sorriso.

O dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Uma circunstância que deve ser comemorada, relembrando todas aquelas mulheres que, ao longo dos séculos, deram a vida procurando conquistar e defender os próprios direitos.

A primeira mulher que conheci foi dona Mathilde, minha mãe. Ela, nos mais ternos anos de minha infância, repetia nos meus ouvidos como eu deveria me comportar. Ensinou-me a respeitar os outros, a ser serviçal e especialmente, me passou um amor grande por Nossa Senhora – a mãe de Jesus – a mais santa de todas as mulheres. Na minha juventude, tive, como professora, dona Gema, uma mulher sofrida, mas com o dom de sorrir, e me repetiu, muitas vezes, que sempre devemos confiar em Deus e a Ele entregar os sofrimentos, as dúvidas e as alegrias.

Como bispo encontrei mulheres gigantes que viveram décadas entre o lixo humano produzido pela injustiça humana e sempre conservaram o sorriso: Irmã Dulce da Bahia (1914-1992), Madre Teresa de Calcutá (1910-1999), Dra Zilda Arns (1934-2010). Essas santas foram para mim grandes e corajosas, que me disseram, com a vida, que há uma maternidade e paternidade diferente.

Essas três mulheres engrandeceram o gênero humano. Completamente esquecidas de si, promoveram e defenderam a vida sem nunca ceder às tentações de revolta e de defesa do aborto. O que lhes interessava era a pessoa concreta que tinham diante dos olhos e, imediatamente, brotava-lhes um imenso sorriso: podemos salvá-la, conservar-lhe a vida. Deus quer essa vida, nós também a queremos.

O evangelho nos mostra o maior dos defensores dos direitos da mulher: Jesus Cristo. Uma mulher pecadora – a samaritana – foi a primeira missionária e na manhã da Páscoa foram elas, as primeiras, a anunciar ao mundo, o maior acontecimento da história da humanidade: a Ressurreição de Jesus. Na Igreja, é indiscutível o papel das mulheres. Estão presentes nas lutas sociais, nos movimentos e pastorais.

Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes casa do ser humano. Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de serviço, de comunhão e de vida. Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada no âmbito social, cultural, artístico, político e religioso. Obrigado a ti, mulher consagrada, que, a exemplo da maior de todas as mulheres, a Mãe de Jesus, te abres com docilidade e fidelidade a Deus e a humanidade.


+ Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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