Um dos mais importantes eventos cívicos da Bahia, que leva às ruas do Centro Antigo de Salvador manifestações populares, desfiles de fanfarras, com decoração das fachadas de casas e prédios, a data magna de celebração ao Dois de Julho, neste domingo (2), contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, que esteve acompanhado pela primeira-dama, Tatiana Velloso.
Em homenagem ao Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, o cortejo, que leva à frente os carros emblemáticos da Cabocla e do Caboclo, do Largo da Lapinha até o Terreiro de Jesus, foi acompanhado pelo governador e pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que integrou a comitiva no Largo da Soledade, desfilando em carro aberto.
Pela primeira vez no evento, enquanto governador da Bahia, Jerônimo destacou a importância do Cortejo do 2 de Julho, tombado como bem cultural pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), desde 2006, e enfatizou a luta para que esta história seja reconhecida oficialmente por todo o país.
“A gente precisa ver isso nos livros de História, de Geografia, no Direito. E a gente não percebe hoje essa história nos livros da gente, os heróis e as heroínas que realmente construíram esse momento. As pessoas que escreveram a nossa historiografia, escreveram sob a lógica do colonizador. Então, nós estamos agora reescrevendo, por isso, cada passo é fundamental para a gente reverenciar os conceitos nossos de independência, soberania e autonomia”, pontuou.
O governador relacionou ainda a sua origem indígena às comemorações do 2 de Julho. “Vocês conhecem, sabem da minha história, a descendência indígena, isso reverencia ainda mais, um governador com essa marca. E hoje, a presença do presidente Lula anima a nossa luta por um Estado e um Brasil unidos”. Ele ainda anunciou que durante esta semana vai participar, no Congresso, em Brasília, de uma sessão especial em homenagem ao 2 de Julho.
Antes, ao lado de outras autoridades, Jerônimo participou da solenidade tradicional no Largo da Lapinha, com o hasteamento de bandeiras e a execução do Hino Nacional e da Bahia, pela Banda de Música da Marinha do Brasil. As autoridades presentes também depositaram flores no monumento ao General Labatut.
Reconhecimento
Quem também participou dos atos oficiais e do cortejo cívico foi a ministra da Cultura, a baiana Margareth Menezes. Conforme ela, o Brasil inteiro tem que tomar conhecimento da importância do 2 de Julho. “Maravilha, o Dois de Julho é uma festa maravilhosa, duzentos anos da Independência do Brasil na Bahia. Estou aqui com o presidente Lula, com todo esse povo, é uma festa maravilhosa e o Brasil todo tem que conhecer e prestigiar a nossa história”.
Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é fundamental ecoar a importância do 2 de Julho no estado e que Governo Federal esteja presente nas manifestações populares. “A importância do 2 de Julho para a Independência da Bahia e do Brasil é enorme, gigantesca, todo mundo tem que vir aqui, todo mundo tem que passar por aqui. Essa festa é a cara do Brasil, a cara do povo. E quanto mais o Governo Federal estiver ligado ao povo, mais sucesso a gente vai ter, pois só eles sabem o que passam”, declarou.
Dentre as manifestações artísticas que se apresentam ao longo do cortejo, 10 fanfarras selecionadas pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), por meio de chamamento público, animaram o público. Outras 25 fanfarras da rede estadual de ensino da capital baiana e da Região Metropolitana (RMS), também desfilaram pelas ruas do Centro Antigo de Salvador.
Conforme o titular da Secretaria da Cultura (Secult-BA), Bruno Monteiro, participar ativamente da coordenação dessa festa foi muito gratificante para todos. “Nós estamos aqui resgatando uma história de lutas, uma história muito bonita, de empoderamento da nossa gente, do nosso povo, das mulheres, dos negros, dos indígenas, dos quilombolas, dos caboclos, das caboclas que garantiram a independência do Brasil na Bahia”. Ainda para ele, a culminância das celebrações no 2 de Julho é pedagógica para as atuais e futuras gerações, que têm agora a oportunidade de reverenciar e entender sobre a importância dessa história ser verdadeiramente contada.
Bicentenário
A História conta que foi no dia 2 de julho de 1823, que, derrotadas, as tropas portuguesas deixaram a província da Bahia, depois de 17 meses de guerra, consolidando as lutas pela independência do Brasil, na Bahia. A festa carregada de simbologias, traz nas figuras do Caboclo e da Cabocla a representação de todos que lutaram pela vitória dos brasileiros contra as tropas portuguesas.
A festa é marcada por expressões populares, que enaltecem as Heroínas e os Heróis da Independência do Brasil na Bahia – Maria Quitéria de Jesus Medeiros, Joana Angélica de Jesus, Maria Felipa de Oliveira, João Francisco de Oliveira (João das Botas) e o Corneteiro Lopes – que também foram homenageados, com uma breve parada em frente ao Convento da Soledade.
Presente na festividade ao lado de sua família, o militar Luciano Ferreira avalia toda a solenidade como um momento bonito e de união. “Uma festa bonita que representa bem como a Independência da Bahia foi dada pela união das forças militares com a população e com figuras como a Maria Felipa, por exemplo. Por isso, viemos prestigiar e também trazer as crianças para que elas possam entender um pouco da nossa história”.
Para o artista de rua Jansen Nascimento, que participou do desfile sobre as suas pernas de pau, o sentimento de vitória e de pertencimento são grandes motivadores. “É importante porque é um momento que marca Independência da Bahia, né? E a gente como baiano se sente parte dessa luta e dessa batalha pró-abolicionismo, pró-independência para que a Bahia pudesse se tornar o celeiro artístico que é hoje”, avaliou.
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