Membros da campanha jurídica de Jair Bolsonaro (PL) revelaram que há um interesse por parte do presidente em tentar impugnar a eleição, caso perca para o ex-presidente Lula (PT) no próximo domingo (30). No entanto, segundo o deputado federal Zé Neto (PT), a medida não é nem mesmo apoiada pelos parlamentares do grupo político governista.
A medida não é exatamente nova. A primeira vez que isso aconteceu foi em 2014 quando Aécio Neves, candidato à Presidência da República pelo PSDB no segundo turno, também ingressou com um pedido de auditoria da votação eletrônica. A diferença agora é que o anúncio aconteceu antes mesmo da derrota ser declarada.
“Todos nós, os deputados do PT com os deputados de oposição, inclusive alguns alguns deputados e senadores do próprio campo dele, não concordam com esse tipo de atitude”, revelou o petista ao Bahia Notícias, parceiro do Acorda Cidade.
Segundo Neto, apesar de ser uma atitude lamentável, já era algo esperado. “Isso não é de agora. Já temos mais de dois anos assistindo esse absurdo, de um presidente da República tentar desgastar as instituições do Estado brasileiro. Todas elas. A justiça é apenas mais uma que entra no rol”, classificou.
Para o deputado, Bolsonaro não tem dimensão da ordem jurídica e faz um ataque que não é partidário, mas contra as estruturas democráticas: “Esse ataque não é contra o PT, não é contra um partido, é contra o sentimento, o sentido de Estado”.
Antes de anunciar a intenção de criar um “terceiro turno”, o candidato do Partido Liberal convocou, na noite desta quarta-feira (26), uma entrevista coletiva para falar sobre a negativa do TSE em investigar acusações de supostas fraudes na veiculação de inserções de campanha em rádios da região Norte e Nordeste.
Segundo o entorno presidencial, ouvidos pela coluna da jornalista Andreia Sadi, a intenção de Bolsonaro era “radicalizar” durante a coletiva e propor um adiamento do segundo turno. Aliados dele, no entanto, não o encorajaram.
De acordo com Zé Neto, qualquer tentativa de Bolsonaro em tentar tumultuar o resultado do pleito eleitoral vai, “de forma muito consistente”, ser enfrentado. “Não diz a respeito apenas a eleição, mas se trata também de um desmonte do conceito de segurança jurídica do Brasil com relação ao mundo”.
Ao BN, o parlamentar ainda disse que as atitudes recentes são uma demonstração de que o grupo governista está sentindo “o cheiro da derrota” e tenta ainda “desviar a atenção” para fatos como o de Roberto Jefferson, coordenador informal da campanha de Jair Bolsonaro, responsável por um ataque a tiros contra uma equipe da Polícia Federal no interior do Rio de Janeiro.
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