O presidente nacional do Democratas, ACM Neto, disse não acreditar em ruptura institucional no Brasil e afirmou que, apesar das turbulências enfrentadas desde a redemocratização, especialmente a partir de 2014, as instituições continuam firmes. A declaração foi dada nesta terça-feira (31) durante almoço com empresários promovido pelo site Alô Alô Bahia, em Salvador, com a participação também de políticos locais.
ACM Neto abriu o evento com uma palestra sobre o cenário político e econômico do Brasil. Em sua fala, o presidente nacional do Democratas fez uma leitura do momento do país, apresentou dados e projeções e manifestou preocupação com a questão da crise hídrica, alertando sobre o risco de racionamento de energia entre o final deste ano e o início do próximo.
"Eu não acredito em ruptura. Eu, ao contrário, acho que temos instituições extremamente maduras, que passaram por vários testes desde 2014, na verdade desde a redemocratização. Começamos 2014 com uma crise econômica sem precedentes, veio a Lava jato, o impeachment da (ex-presidente) Dilma (Rousseff), o governo do (ex-presidente Michel) Temer, que do ponto de vista econômico deixou legados importantes, mas do ponto de vista político enfrentou muitas turbulências. Depois da eleição de 2018 onde ninguém apostava que ia acontecer o que aconteceu. E as instituições continuam firmes, de pé", disse.
ACM Neto citou ainda as reformas tributária e administrativa. Sobre a primeira, disse que teve avanço nos primeiros anos no Congresso, mas classificou a proposta do governo federal como "uma tentativa de resolver o problema de caixa". "Ela não simplifica, não agiliza, não muda o conceito efetivo da política tributária e fiscal do Brasil, não olha para estimular o empreendedor, para incentivar a geração de emprego, para efetivamente desonerar os setores que precisam ser desonerados", afirmou. Da forma como está, para Neto, o "texto tem que ir para a gaveta".
Sobre a administrativa, afirmou que é defensor do serviço público, mas ressaltou que há questões inaceitáveis. "Ninguém tem dúvida que o Estado brasileiro precisa mudar de uma vez por todas, que existem vantagens, direitos e garantias que são inaceitáveis, criando uma casta muitas vezes de privilegiados no setor público", disse.
ACM Neto afirmou ainda que a crise hídrica sem precedentes preocupa. "E olhem que o governo está segurando o aumento da energia elétrica, que era para estar muito mais cara. Só que isso vai nos trazendo um risco sério, que me preocupa, de termos que viver racionamento de energia. Então hoje o debate sobre o risco de racionamento no fim deste ano, início do próximo, é real. E é difícil pensar numa perspectiva de crescimento econômico sustentado sem energia", salientou.
Ele também apresentou números sobre projeções econômicas. As estimativas apontam para uma taxa de desemprego no país este ano em torno de 14%, talvez um pouco menos, e de 13% para 2022. Já a inflação este ano deve chegar em torno de 9%, mas com expectativa de redução para 2022 para em torno de 5% com o crescimento da taxa de juros, cuja previsão é de 8,25% para este ano e 9,25% para o início do próximo.
"O crescimento esperado para esse ano está aí em 5% e 5,5% do PIB, sendo realista. Mas, para o ano que vem, de 1,7%. Para o próximo ano, o cenário que a gente tem provavelmente um crescimento abaixo de 2%, juros altos, inflação alta, desemprego caindo, porém em patamares ainda muito altos, incerteza política até outubro, não tem jeito", disse.