Quando o painel da Câmara confirmou o triunfo de Arthur Lira (Progressistas-AL) na disputa pela presidência da Casa, na noite desta segunda-feira, 1.º, deputados aglomerados em um plenário lotado se abraçaram e trocaram cumprimentos. A comemoração efusiva foi apenas uma das muitas aglomerações que marcaram as eleições no Congresso em plena pandemia da covid-19. As disputas internas levaram de volta à Câmara e ao Senado um contingente de parlamentares e servidores não visto há quase um ano, desde que os trabalhos legislativos passaram a ser feitos remotamente por causa do novo coronavírus. As votações presenciais tiraram parlamentares sexagenários de casa, mas que tiveram que voltar ontem para poder votar. A Câmara até tomou alguns cuidados, como restringir a circulação em alguns setores e espalhar urnas por diversos locais do prédio principal. No entanto, as disputas de bastidores pelo controle das mesas diretoras e o quórum das sessões decisivas jogaram por terra o exercício do distanciamento social em um dia em que o sistema de ar refrigerado do Congresso não deu conta do forte calor de Brasília.
No Senado, os 81 parlamentares tiveram a opção de votar sem desembarcar dos carros, ao estilo drive-thru. A maioria, porém, se aglomerou no plenário, especialmente ao assistir aos discursos dos candidatos. Omar Aziz (PSD-AM) chegou a pedir para que a chamada não seguisse a ordem dos Estados, para que o processo fosse mais ágil. Na Câmara, os riscos eram ainda maiores. Todos os candidatos tiraram as máscaras para falar da tribuna, enquanto eram acompanhados pela maior parte dos 513 deputados que se aglomeravam no corredor central do plenário.
Aos 86 anos, portanto do grupo de risco da covid-19, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), também candidata à presidência, foi a única a discursar de uma sala reservada da Câmara, sozinha. O pronunciamento foi transmitido pela TV Câmara para o plenário principal. O desprezo à pandemia ficou evidente logo nas primeiras horas da tarde, quando o Congresso ainda se preparava para as votações realizadas à noite. Um servidor apelidou de “covidário” a aglomeração criada em frente à sala de reuniões onde líderes discutiram os detalhes da votação. De tempos em tempos, parlamentares deixavam o local perfilados e esbravejando. Já Maia deixou a sala acompanhado por um grupo de ao menos 40 pessoas, entre seguranças, assessores e jornalistas. “Se eu não pegar covid agora, não pego mais”, afirmou um assessor, que não quis se identificar. (Com informações do site Política Livre)