O ano é 1981 e a data, 13 de maio. Neste dia, quando o papa João Paulo II foi alvo de um atentado a bala, na Praça de São Pedro, em Roma, um repórter feirense entrou para a história do rádio brasileiro, como o primeiro a divulgar o fato, no Brasil e, possivelmente, na América do Sul. O “furo de reportagem” foi de autoria de Itajay Pedra Branca, o mais “internacional” dos profissionais de comunicação de Feira de Santana, com sete copas do mundo no currículo. Testemunha ocular desta tentativa de homicídio que abalou o mundo, ele relembrou a ocorrência como palestrante da sessão solene realizada ontem à noite em homenagem ao Dia do Radialista, que transcorre em 7 de novembro, pela Câmara Municipal. O evento comemorativo acontece anualmente, como determina lei municipal.
Desta vez, a organização esteve a cargo do vereador Lulinha (União Brasil), autor do requerimento para realização do encontro, dirigido pelo vice-presidente da Casa, Sílvio Dias (PT). Entre as presenças, várias personalidades, a exemplo do deputado estadual Angelo Almeida e da secretária de Comunicação, Renata Maia, estes, convidados à Mesa ao lado do palestrante e do seu colega Paulo José, que fez a saudação aos profissionais do rádio. Ao final, o Legislativo homenageou os seguintes radialistas, com certificado: Itajay, Paulo José, Velame, Angelo Márcio, Reginaldo Júnior, Luiz Santos, Gilvan Franklin, Fabiano Cerqueira, Plínio Pereira, José das Virgens Fonseca, Lourdes Rocha, Carlos Valadares, Carlos Geilson, Gilson Ferreira, Sued Cordeiro e Melck Moreno.
“Não farei palestra, contarei histórias”, disse Itajay, que, além de narrador de futebol, é repórter e apresentador de programas jornalísticos, em sua carreira de mais de 50 anos. Atualmente, ancora o “Primeira Página”, na Rádio Povo. Primeiro radialista de Feira a “ultrapassar as fronteiras do país”, ele era enviado da Rádio Sociedade para cobertura de jogos da Seleção Brasileira na França e Alemanha. Em Paris, acompanhou a entrega do troféu Atleta do Século a Pelé, rei do futebol. Lembra que a histórica matéria do atentado a João Paulo II aconteceu em sua viagem de retorno.
De passagem por Roma, onde chegou de trem, ouviu um estampido ainda quando se encontrava no táxi, a caminho da Praça São Pedro. Trânsito interditado, desceu do veículo e foi ver o que acontecia, cautelosamente, sob proteção da parede de um edifício. Ao apurar do que se tratava, imediatamente dirigiu-se ao telefone público mais próximo para fazer contato com a a emissora. O operador relutou em atender, por se tratar de uma ligação a cobrar, mas após consultar o diretor da emissora, a chamada internacional foi aceita e ele pôde entrar no ar. Sua cobertura começou no início da noite e foram feitos cinco flashes, trabalho que concluiu a uma hora da madrugada, no Hospital São Raphael.
“Quem quer ser radialista, não deve perder oportunidades”, diz o decano da imprensa local. A comunicação está no sangue da família. Tudo começou com o pai do narrador, Ângelo Pedra Branca, diretor da Rádio Cultura, e com o seu filho mais velho, Itaracy Pedra Branca. Neles, espelhou-se Itajay, que tem dois filhos seguindo a carreira, Itajay Júnior e Andrews Pedra Branca. Contemporâneo de nomes como Dourival Oliveira e Edval Souza, ele diz que o rádio proporciona “alegria mas também tristeza”, através das notícias que o profissional tem que divulgar. Ao longo desta trajetória profissional, o radialista contabiliza 81 países conhecidos.
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