Até o meio do ano, 144 deputados serão contemplados com apartamentos de luxo, estimados em R$ 2,5 milhões cada, em uma das regiões mais nobres de Brasília. Os imóveis da Câmara dos Deputados valorizaram após uma reforma que se arrasta desde 2007, ao custo de R$ 63,8 milhões aos cofres públicos.
Os apartamentos estão localizados na quadra 302 Norte – a mais “parlamentar” da capital, na qual nove prédios são reservados aos deputados. Com cerca de 200 metros quadrados, as residências são compostas de três quartos, escritório, salas de estar e de jantar, copa, cozinha, dependência de empregada e área de serviço.
O quarteirão onde ficam os prédios inclui escola, quadra poliesportiva e comércio próximo. Para completar, os apartamentos vêm mobiliados com dois jogos de sofá, mesa de jantar, uma arca, 16 cadeiras, camas de casal e de solteiro, colchões, fogão, geladeira e máquina de lavar.
Antes da reforma – que realizou desde a troca de instalações elétricas e hidráulicas até a instalação de elevadores -, a Câmara calcula que os imóveis custavam R$ 1,6 milhão. “A procura é grande. Todo mundo quer morar em apartamento novo”, afirma o quarto-secretário da Câmara, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), responsável pela administração dos imóveis.
A estratégia, diz Delgado, é reduzir custos, acabando com o auxílio-moradia de R$ 3 mil por mês, pago a parlamentares sem residência fixa em Brasília. No ano passado, o benefício custou R$ 9,3 milhões à Câmara. Segundo a Quarta Secretaria, 221 parlamentares optaram por morar nos apartamentos funcionais. “Hoje há uma inversão, porque a procura sempre foi maior pelo auxílio-moradia”, afirma Delgado.
Ao todo, a Câmara dispõe de 18 edifícios em Brasília, cada um com 24 apartamentos, que totalizam 432 unidades. A reforma começou em 2007, quando o plano era desembolsar, em no máximo um ano, R$ 36 milhões na reforma de quatro prédios. Um troca-troca de empreiteiras atrasou o cronograma das obras, que foram retomadas em 2009.
Os seis blocos em reforma na 302 Norte serão entregues de dois em dois. Os primeiros a ficarem prontos são os prédios “F” e “G”, cuja entrega de chaves está prevista para a segunda quinzena de abril, Antes da reforma, os 24 apartamentos do edifício “F”, apelidados de “Piauí”, tinham a menor taxa de ocupação dos imóveis da Câmara.
A referência ao Estado nordestino, um dos mais quentes do País, se devia ao calor que fazia nos apartamentos à tarde, período em que o sol, posicionado a oeste, encarava de frente os imóveis. Para solucionar o problema, foram instaladas venezianas e esquadrias metálicas. Já as obras nos blocos "H” e “I” devem ser concluídas em maio e nos prédios “A” e “B”, em junho. ( IG)