As críticas do deputado federal Marcelo Nilo (PSB) à delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Campos Brito, provocaram forte reação dos delegados baianos, que consideraram o comportamento do coordenador da bancada baiana na Câmara dos Deputados como “desarrazoado e deselegante”.
“As hostilidades e ofensas destinadas à mulher policial são costumeiras do deputado e advêm sempre do incômodo de vê-las ocupando espaços, antes, notadamente, masculinos (…) o que pode explicar a sua insatisfação em ter seus pedidos negados, ou ao menos a falta de costume de ter que travar diálogo com autoridades do sexo feminino”, condenaram, em nota enviada à imprensa.
Nilo afirmou que ele e outros parlamentares não estariam sendo atendidos pela delegada-geral e “quem tem uma delegada como Heloísa não precisa de inimigo”.
Os delegados da Polícia Cívil baiana afirmaram ainda que, na busca por um “aceno midiático”, o ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia “não mede esforços em macular a integridade de uma mulher séria e responsável no cumprimento de suas obrigações”.
“Percebe-se de sua última fala a prepotência e a arrogância de quem entende que a Polícia Judiciária deve prestar-lhe favores (…) O ranço de uma história recente de ingerência nas polícias parece não desgrudar do discurso de quem ainda não internalizou os avanços legais e constitucionais impostos pelo Estado Democrático de Direito”, criticaram.
Os delegados também questionaram Marcelo Nilo sobre qual seria “a real necessidade da instituição policial civil?”
“Não aceitaremos qualquer demonstração de interferência política na Polícia Civil da Bahia, mormente nas atividades dos delegados de polícia, muito bem delineada nos preceitos constitucionais e em nossa Lei Orgânica”.
Confira a nota:
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia (ADPEB/Sindicato) vem a público, diante das declarações prestadas pelo deputado federal Marcelo Nilo em sítio de notícias deste estado, externar seu mais irrestrito apoio e solidariedade à Delegada-Geral Heloisa Campos Brito, ante o comportamento desarrazoado e deselegante do deputado, apresentado na matéria jornalística como coordenador da bancada baiana na Câmara dos Deputados.
Em suas declarações o parlamentar refere-se de forma grosseira a uma profissional que gere uma honrosa e importante instituição do sistema de justiça penal. Embora destemperada, a declaração do apontado congressista precisa ser replicada para que saibamos como age aquele que do alto de sua vaidade e falta de compostura não permite sequer ser contrariado ou não ter um pedido aceito por uma instituição, que não foi criada e nem exerce suas funções para atender aos caprichos políticos de quem quer que seja, desprezando o dever urbanidade exigido a todos os civilizados.
O deputado Marcelo Nilo declarou que não somente ele, mas outros deputados não são atendidos em audiência pela Delegada-Geral e que por isso “é mais fácil falar com o Papa Francisco” e completando seu inadequado comportamento reforçou seu tom desrespeitoso dizendo: “quem tem uma delegada como Heloísa não precisa de inimigo”. Não satisfeito, o deputado ainda declarou que “ela não dá retorno, não atende e quando o faz é depois de um longo tempo, além de sempre dizer não aos deputados”.
Percebe-se de sua última fala a prepotência e a arrogância de quem entende que a Polícia Judiciária deve prestar-lhe favores. Não se referir ao quanto lhe foi negado é no mínimo irresponsável ou o fez de forma deliberada na tentativa de esconder pedidos que não se sustentam legalmente.
Apenas para lembrá-lo, deputado Marcelo Nilo, a Lei Orgânica da Polícia Civil da Bahia estabelece que ao Delegado-Geral compete: dirigir, planejar, supervisionar, coordenar, executar, controlar, diagnosticar e fiscalizar o exercício das funções da Polícia Civil do Estado da Bahia, garantindo-lhe, inclusive, a eficiência e eficácia, observando os fundamentos e princípios institucionais. Qualquer pedido arredado deste rol de competência não se vislumbra factível e, portanto, possível de ser atendido, nem mesmo para Vossa Excelência. Quais foram esses pedidos, deputado? Qual a natureza de sua real necessidade da instituição policial civil? Os delegados da Bahia aguardam respostas!
O ranço de uma história recente de ingerência nas polícias parece não desgrudar do discurso de quem ainda não internalizou os avanços legais e constitucionais impostos pelo Estado Democrático de Direito e, em busca de aceno midiático não mede esforços em macular a integridade de uma mulher séria e responsável no cumprimento de suas obrigações, como tem sido a Delegada-Geral.
As hostilidades e ofensas destinadas à mulher policial são costumeiras do deputado e advêm sempre do incômodo de vê-las ocupando espaços, antes, notadamente, masculinos, neste caso, estamos fazendo referência à primeira mulher a ocupar o cargo de Delegada-Geral em nosso Estado, o que pode explicar a sua insatisfação em ter seus pedidos negados, ou ao menos a falta de costume de ter que travar diálogo com autoridades do sexo feminino. As relações de poder precisam ser igualitárias e a busca por este espaço faz parte da pauta de luta de todas as mulheres, principalmente as policiais, e neste papel a entidade de classe estará sempre ao lado delas.
A ADPEB tem convicção que o comportamento inadequado do deputado não representa a categoria política e, menos ainda, o Parlamento Brasileiro, mas não aceitará qualquer demonstração de interferência política na Polícia Civil da Bahia, mormente nas atividades dos delegados de polícia, muito bem delineada nos preceitos constitucionais e em nossa Lei Orgânica. Sendo assim, reafirmamos o irrestrito apoio e solidariedade a Dra. Heloisa Campos Brito, nossa honrada Delegada-Geral. (Com informações do site Bahia.Ba)