A mamona, conhecida cientificamente como Ricinus communis, é uma planta que intriga e preocupa. Com folhas largas e sementes de aparência exótica, ela cresce facilmente em regiões tropicais e subtropicais, incluindo boa parte do território brasileiro. Embora seja utilizada na indústria para a produção de óleo, biodiesel e produtos cosméticos, a mamona carrega perigos ocultos que a tornam uma das plantas mais tóxicas do mundo. Muitas pessoas desconhecem os riscos envolvidos no contato, consumo ou até na simples manipulação dessa espécie.
Se você já viu essa planta por aí e achou inofensiva, é hora de rever essa impressão. A seguir, conheça quatro perigos da mamona que podem colocar em risco a saúde de seres humanos e animais — e até a segurança pública.
1. Ricina: a toxina natural mais letal conhecida
O maior perigo da mamona está em suas sementes, que contêm uma substância extremamente tóxica chamada ricina. A ricina é uma proteína que inibe a síntese de proteínas nas células humanas e animais, o que leva à morte celular e, eventualmente, à falência de órgãos. Para se ter ideia do seu poder letal, apenas 0,002 miligramas por quilo de peso corporal podem ser suficientes para matar um ser humano adulto.
A ingestão acidental de apenas duas a três sementes pode ser fatal para uma criança, enquanto quatro a oito sementes podem matar um adulto. Os sintomas de envenenamento por ricina incluem náuseas, vômitos, cólicas abdominais intensas, diarreia, sangramentos e insuficiência hepática. Em casos graves, o indivíduo pode morrer em até 72 horas, dependendo da quantidade ingerida e da rapidez no atendimento médico.
2. Altamente tóxica para cães, gatos e animais de criação
Outro perigo subestimado da mamona é o risco de intoxicação animal. Animais domésticos como cães e gatos, curiosos por natureza, podem mastigar sementes caídas no chão ou mordiscar partes da planta. O resultado pode ser desastroso: salivação excessiva, vômitos, tremores musculares, convulsões e, em casos mais graves, falência de órgãos e morte.
Em zonas rurais, a planta também representa um risco significativo para animais de criação como bovinos, cavalos, porcos e cabras. Quando esses animais ingerem as folhas ou sementes da mamona, os efeitos são igualmente severos. Por isso, é fundamental isolar áreas onde a planta cresce ou removê-la completamente, garantindo que não haja contato com os animais.
Notícias Relacionadas
3. O óleo de mamona só é seguro após processamento industrial
Apesar de a mamona ser fonte de um óleo com múltiplas aplicações — conhecido como óleo de rícino ou óleo de mamona —, é importante destacar que esse produto só se torna seguro após passar por um rigoroso processo industrial. A extração do óleo bruto retém traços da ricina, que é removida por meio de purificação química e aquecimento em altas temperaturas.
Tentar produzir óleo de mamona de forma caseira é extremamente perigoso. Além do risco de contaminação por ricina, a manipulação das sementes sem o devido equipamento de proteção pode causar intoxicações pela pele ou inalação de poeira tóxica. Ou seja, o uso seguro do óleo só é garantido quando o produto passa por processos industriais controlados e fiscalizados.
4. Já foi usada como arma biológica e em atentados
O uso da ricina como arma biológica é um fato assustador, mas real. Devido à facilidade de extração e à alta toxicidade, a substância já foi utilizada em tentativas de assassinato e atos terroristas. Um dos casos mais famosos ocorreu em 1978, quando o jornalista búlgaro Georgi Markov foi envenenado com uma cápsula de ricina injetada por meio de um guarda-chuva modificado, em plena Londres.
Mais recentemente, autoridades ao redor do mundo têm interceptado pacotes contendo ricina enviados a políticos e instituições governamentais. Esse uso malicioso reforça a importância do controle e fiscalização sobre o cultivo e a manipulação da mamona, mesmo que ela cresça de forma espontânea em muitos lugares.
Embora a mamona tenha valor econômico e seja matéria-prima para diversos produtos, os perigos associados à planta são reais e merecem atenção. O conhecimento sobre seus riscos é essencial para prevenir acidentes, proteger animais e evitar usos indevidos. Em caso de suspeita de intoxicação, o atendimento médico imediato é crucial.
