Prevalecendo a lógica, é claro que os servidores em protesto contra o pacote de fim de ano que Rui Costa mandou para a Assembleia em nome da reforma vão perder. O governo tem 45 deputados, contra os 18 da oposição. Mas a invasão ao plenário ontem virou o emblema do momento. É inédito. Reinaldo Braga (PR), que está no nono mandato, 36 anos de casa, na hora da invasão, se dizia perplexo:
— Eu nunca vi isso.
De saída, a PM chegou a ser chamada e entrou no plenário. Ângelo Coronel, o presidente, deu meia volta. Suspendeu a sessão por 30 minutos que valeram pelo resto do dia. Ou seja, acabou.
Ocupação instalada, veja as reações de alguns deputados presentes.
Luis Augusto (PP), fazendo piada com os colegas:
— Coronel chamar a polícia?! Que nada! Ele é candidato à presidência do Senado!
Joseildo Ramos (PT):
— Não existe política morna. Política tem que ser tensionada. Política morna não se estabelece.
Soldado Prisco (PSC), suspeito de ter facilitado o acesso dos servidores:
— Eu nego tudo! Eu é que fui impedido de entrar!
Targino Machado (DEM):
— Estou achando ótimo!
A sessão acabou suspensa em definitivo ontem e uma nova acontece desde as 9h45 desta manhã. Vai dar? Líderes sindicais resolveram dormir no plenário. Como tirá-los? É o desafio da despedida de Ângelo Coronel.
‘Covarde! Covarde!’
Antes da sessão ontem na Alba, a bancada do PT fez uma homenagem a Laura Pujol, consulesa de Cuba na Bahia que aqui está desde que o Consulado foi criado, em 2014, e vai embora.
Coincidiu que na hora em que a bancada ia para o plenário, já no corredor, servidores gritavam:
— Covarde! Covarde!
Não era para eles, e sim para Marcelo Nilo (PSB), que deu um ‘chega para lá’ numa das manifestantes.
Oposição quer obstruir
Detalhe: não sabe como
A disposição da maioria da oposição seria obstruir a pauta o máximo possível, mas Luciano Ribeiro (DEM), o líder da bancada oposicionista, admite que não é tão fácil. Dos 18 deputados, Adolfo Viana (PSDB) e Leur Lomanto (DEM) se elegeram deputados federais, e Hildécio Meireles (PSC), Sidelvan Nóbrega (PSC), Pablo Barroso (DEM), Augusto Castro (PSDB) e Heber Santana (PSC), além do próprio Luciano, perderam. Fica difícil animá-los. As informações são da coluna de Levi Vasconcelos, no bahia.ba.