Nesta segunda-feira (5), o deputado Cláudio Cajado (PP), que foi relator na Câmara Federal do novo marco fiscal, classificou as falas sobre Brasília (DF) proferidas pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), como um “desserviço” a um governo que busca construir uma maioria no Congresso Nacional.
“Essa é uma opinião dele (do ministro), mas que não ajuda em nada o governo. Foi precipitado. O certo ou o errado não depende só da subjetividade das pessoas, mas de um conjunto de forças. Ele se referiu a que quando disse isso? Ao marco do saneamento? À privatização da Eletrobras? O ministro não especificou, e teríamos que abrir um debate para saber, mas a fala foi um desserviço, principalmente a um governo que busca construir maioria no Congresso”, declarou Cajado.
Na última sexta-feira (2), durante a inauguração do Hospital Regional de Itaberaba, na região da Chapada Diamantina, Rui Costa afirmou que “fazer o errado é o certo” para muitas pessoas em Brasília, berço da política federal. Ele também chamou a cidade de “ilha da fantasia”, provocando reações negativas até de aliados. Parlamentares chegaram a pedir a demissão do petista baiano.
“O ex-governador Rui Costa, hoje ministro, já provou ser um excelente gestor. Mas do ponto de vista político, Brasília é bem diferente. É preciso ter mais cuidado”, alertou Cajado, ao acrescentar que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa resolver de uma vez por todas o problema da articulação política.
“A articulação com a Câmara é feita pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), e não por Rui Costa. Mas não sei se Padilha está tendo força para entregar o que é discutido ou conversado com os partidos e lideranças do Congresso. Muitos falam que isso não tem ocorrido em relação aos cargos federais, por exemplo. As coisas estão muito confusas”, disse o deputado do PP baiano.
“Como o presidente tem dito que quer construir uma base sólida no Congresso, é preciso chamar o Padilha, os líderes da Câmara e do Senado e até o próprio Rui Costa, se for o caso, para que sentem na mesa e cheguem a um entendimento, se verifique onde está o problema. Não consigo entender essa dificuldade. É preciso saber onde as coisas estão emperradas, pois o próprio presidente tem dito que o combinado precisa ser entregue”, complementou Cajado.
O deputado não descartou que o PP integre a base de Lula no futuro. “Hoje somos independentes, não votamos obrigatoriamente com o governo. Para fazer parte do governo depende de conversa. Tem que se sentir prestigiado para ir fazendo parte. Não adianta, por exemplo, não ter participação efetiva nas decisões e opiniões. O Planalto está errando em algumas coisas, então a gente precisa conversar. Se formos participar, temos bons quadros que podem colaborar”.
Nesta segunda, Lula se reuniu com o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Cláudio Cajado, para tentar ajustar os ponteiros sobre a articulação política com a Casa. Na ocasião, Lira reforçou que o principal problema do governo é a falta de uma base efetiva e ponderou que o Executivo tem contado com a “boa vontade” dos partidos no processo de aprovação de matérias, como a Medida Provisória (MP) dos Ministérios, aprovada às vésperas de perder a validade e sob pressão contrária de parlamentares do Centrão.
Fonte: Política Livre
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