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Brancos contra pretos?

Não se trata de uma concessão paternalista, mas de um direito onde as pessoas, no espírito de comunhão e participação, promovem a superação do racismo, da discriminação racial e a intolerância religiosa.

Diga não ao racismo
Foto: Divulgação

O Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro – nos remete, por um lado, a um passado que nos envergonha, pois traz à memória toda atrocidade que significou a escravidão em nosso país. Por outro lado, é prova concreta de que a vitória se faz com perseverança, coragem, esperança e fé.

FELIZMENTE, houve pessoas de bom senso que gritaram contra a cruel e desumana escravidão. Dentro da comunidade negra, surgiram heróis, que decidiram acabar com aquele horror, ainda que com isso tivessem que pagar com a própria vida. Zumbi dos Palmares, é um desses heróis, amante da luta pela liberdade e símbolo da resistência negra contra a escravidão no Brasil.

A POPULAÇÃO negra necessita, quer e merece um lugar na sociedade que ela ajudou e continua ajudando construir. Não se trata de uma concessão paternalista, mas de um direito onde as pessoas, no espírito de comunhão e participação, promovem a superação do racismo, da discriminação racial e a intolerância religiosa. É, também, necessário favorecer o diálogo inter-religioso, a conquista de políticas públicas e o resgate da verdadeira história com seus heróis e heroínas.

A HISTÓRIA recente do Brasil e do mundo, descrevem fatos que marcam conflitos entre brancos e pretos e não deixam dúvidas sobre a existência de tensões raciais. A escola deveria recontar a história da escravidão e resgatar a contribuição dos negros para a construção da sociedade brasileira. O Brasil ainda tem muito a crescer para formar uma verdadeira integração entre brancos e pretos.

UMA NAÇÃO só será justa quando todos seus habitantes forem tratados com igualdade. Isso significa garantir os mesmos direitos a todos e oferecer idênticas possibilidades de acesso à educação, à saúde, ao emprego, à vida digna e com qualidade, porque somos todos irmão e irmãs.

O PAPA João Paulo II, na sua visita ao Brasil, em 1997, afirmou: “Estes brasileiros de origem africana, merecem, tem direito e podem, com razão pedir e esperar o máximo respeito aos traços fundamentais da sua cultura”. Respeito é um desafio que nos interpela para viver o verdadeiro amor a Deus e ao próximo. E até que não tomemos todos consciência de que os seres humanos, de todas as raças, são iguais em direitos, deveres e dignidade, celebremos o Dia Nacional da Consciência Negra.

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]

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