Presidente nacional do Democratas, o prefeito de Salvador, ACM Neto, se mostrou contra, ontem, a possibilidade de o deputado federal Onyx Lorenzoni ser impedido de ser ministro da Casa Civil do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) após receber caixa dois (dinheiro não contabilizado na campanha eleitoral). “Quem tem que responder por isso é o governo. Não sou eu. Acho que o deputado Onyx reúne todas as condições para ser o ministro da Casa Civil no governo brasileiro. É um deputado qualificado e já o conheço há muitos anos. É uma pessoa combativa e tem energia para o cargo. Eu acho que, neste episódio, teve uma atitude diferente da maioria dos políticos ao assumir que tinha feito. Aí ele vai ter que pagar porque não sei como anda isso em termos de Ministério Público e etc. Vai ter que pagar por esse ato, sem dúvida alguma. Agora, não acho que isso necessariamente deva impedi-lo de ser chefe da Casa Civil do governo”, afirmou Neto, em entrevista à imprensa, após ordem de serviço para a construção da Unidade de Saúde da Família (USF) Gal Costa. Em 2017, Lorenzoni admitiu ter recebido R$ 100 mil em caixa dois da empresa JBS para pagar dívidas de campanha de 2014, com alegação de que, na época, não tinha como declarar o valor na Justiça Eleitoral. “Cabe-me, sim, com altivez, como um homem deve fazer, que assumi meu erro e pedir desculpas ao eleitor. A verdade tem que ser o caminho para o Brasil se reencontrar com aquilo que o Brasil quer, um Brasil limpo e correto, e quero dizer que essa responsabilidade será assumida diante do Ministério Público e do Judiciário", afirmou à época, em entrevista à RBS TV.
Moro
Futuro ministro da Justiça do governo Bolsonaro, o juiz federal Sérgio Moro chegou a dizer, no ano passado, que caixa dois é pior do que corrupção. “Temos que falar a verdade, o caixa dois nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia. Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim, a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito. Se eu peguei essa propina e coloquei em uma conta na Suíça, isso é um crime, mas esse dinheiro está lá, não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento. Agora, se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível. Eu não estou me referindo a nenhuma campanha eleitoral específica, estou falando em geral”, afirmou, durante um evento nos Estados Unidos. Anteontem, em entrevista à rádio Metrópole, o senador Otto Alencar (PSD) indagou se Moro, que é contra caixa dois, vai dar um tratamento diferente a Onyx Lorenzoni. “[Moro] vai ter que conviver com gente que tem problemas. A começar pelo deputado Onyx Lorenzoni que confessou receber caixa dois e ele sempre considerou o caixa dois como crime. Como vai ser essa convivência? Vai ter que fazer dois pesos e duas medidas? Vai ter que coroar um e condenar o outro?”, indagou o baiano. Ontem, em entrevista coletiva, Moro afirmou que tem “grande admiração” por Onyx e que o deputado foi um dos poucos parlamentares que defendeu a aprovação do projeto das “10 Medidas Contra Corrupção”, que foi elaborado pelo Ministério Público Federal. "Quanto a esse episódio do passado, ele mesmo admitiu os seus errados e pediu desculpas. E tomou as providências para repará-las”, minimizou. Ressaltou, ainda, que "é um pouco estranho dizer isso, mas não existe a menor chance de usar o ministério para perseguição política". "Não foi feito isso durante a Operação Lava-Jato", alegou.
As informações são da Tribuna da Bahia.