Rachel Pinto
Nesta vivência de quase dois anos da pandemia da covid-19, de inúmeras mudanças em toda a sociedade, a frase ‘a vida é um sopro’ se materializou, principalmente, na forma de milhares de mortes de pessoas e o ‘clichê’, do seu significado nunca fez tanta gente refletir sobre.
O vírus causou muitas perdas, seja de pessoas, de bens materiais e trouxe o sentimento de brevidade e impotência para a vida de muitos. Paralelo a isso, veio também o sentimento de buscar viver da melhor forma, dar o melhor de si e aproveitar cada minuto da existência na Terra. O podcast do Escuto Cá entre nós, conversou sobre o assunto com a psicóloga Layane Cedraz, que também é conhecida por Mamãe 6 estrelas, por ter seis filhos e discutiu sobre como enfrentar o luto e buscar sentido entre as ausências.
Para Layane, antes mesmo de se falar da morte é fundamental entender a importância de se falar das emoções. Muitas coisas eclodem com o luto e segundo ela, muitas vezes o luto é associado apenas a morte física. No entanto, o luto é a ausência de algo. Algo que a pessoa vai deixar de ter e aquilo que tinha uma importância. O luto está relacionado além da morte e do ser humano. Mas, tem a ver com a perda de um animal de estimação, por exemplo, a saída de um emprego e até mesmo um relacionamento que chegou ao fim.
“Falar da morte existe de nós olharmos para as nossas sombras, para aquilo que doí, aquilo que faz falta. Não estamos preparados para perder nada. Imagina deixar de ter no nosso convívio alguém que é muito especial. Quando a morte se aproxima da gente, a gente se depara com a realidade da brevidade da vida diante disso a gente se coloca no lugar do outro. Diante das nossas experiências pessoais nos projetamos diante da dor que o outro está vivendo. Quando a gente se depara com situações de dor e ela se aproxima de algo que eu vivo fica muito mais evidente”, disse.
Sobre mortes que causam grande comoção nas pessoas, como mortes de artistas, tragédias, ou de pessoas jovens, como recentemente, houve a da cantora Marília Mendonça, Layane analisou que este sentimento se torna ainda mais forte, quando aquele que partiu se conecta com a realidade de determinada pessoa. Têm algo em comum, ou relacionado. No caso de Marília, muitas pessoas que gostavam das suas músicas sofreram, assim como mães de filhos pequenos em idade semelhante com o filho que ela deixou, sentiram a sua partida a partir da perspectiva de se colocar no lugar do outro e também ser suscetível a passar pela mesma coisa.
De acordo com Layane Cedraz, uma alternativa para vencer o sentimento de angústia causado pelo luto e pela perda é aproveitar os momentos e viver o hoje. Agradecer a oportunidade da vida e todas as experiências que ela proporciona.
“Viver um dia de cada vez para não ficar com a situação que ficou devendo, de se arrepender. Não perder a oportunidade de dizer para as pessoas o quanto elas são importantes”, frisou.
Etapas do luto
A psicóloga listou também que o luto é vivenciado de diferentes formas por cada pessoa e está pautado nos valores, nas crenças que ela tem. As principais fases do luto são a negação, o isolamento e a raiva. O luto pode durar um mês, seis meses, um ano, mas se caso ele se postergar por muito tempo e de uma forma que que a pessoa que passa pelo processo comece a deixar de tocar sua vida, aí é necessário a busca de um acompanhamento terapêutico e a ajuda de profissionais da área de psiquiatria e psicologia.
Ela salientou que entender o luto é entender que embora não haja mais a presença física de algo, ficam as lembranças, registros de fotos, vídeos, memórias e os aprendizados. Aprendizados estes que ajudam a reestruturação e a seguir em frente. Aproveitar o tempo que se tem e cada sopro de respiração. Acesse aqui o podcast e faça também a sua reflexão.