por Vladimir Aras
O que se espera de uma ministra da Família e dos Assuntos Femininos? Que cuide das mulheres de seu país. Porém, não foi isso que fez Pauline Nyiramasuhuko, que nos anos 1990 ocupou esta pasta na conflagrada Ruanda, país centro-africano.
Durante os tenebrosos anos da guerra civil entre as etnias tutsi e hutu, na qual morreram mais de 800 mil pessoas, a referida ministra e seu filho Arsène Ntahobali, um dos líderes da sanguinária milícia Interahamwe, praticaram crimes de guerra, genocídio, crimes contra a humanidade e estupro contra mulheres ruandesas e violaram as Convenções de Genebra. Paramiliares hutus sob comando da ministra invadiram um estádio onde cidadãos tutsis se abrigaram e praticaram o massacre. Após os estupros coletivos e os homicídios, os corpos das vítimas foram queimados. O evento soa inacreditável, mas infelizmente foi o que ocorreu em Butare em abril de 1994. Dezessete anos depois, o Tribunal Especial das Nações Unidas para Ruanda (International Criminal Tribunal for Rwanda – ICTR), que funciona em Arusha, na Tanzânia, acaba de condenar a ministra e seu filhinho a prisão perpétua por tais crimes.
A senhora Nyiramasuhuko torna-se assim a primeira mulher a ser condenada por genocídio num tribunal internacional. Ela comandou o sequestro de centenas de tutsis que foram agredidos, violentados e mortos, no que ficou conhecido como caso de Butare, um dos mais tenebrosos eventos do genocídio de Ruanda. A ré e seu filho foram presos preventivamente em 1997, após serem capturados no Quênia. Com a condenação a prisão perpétua, terão bastante tempo para pensar no que fizeram.