Artigo

A Aids volta a atacar

Deixo uma palavra de solidariedade e esperança aos portadores do HIV e a seus familiares.

Primeiro de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a Aids. Mais de 40 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. O vírus da Aids não respeita sexo, religião, condição social ou país. Mesmo com tratamento, a Aids não tem cura. Por isso, nunca é demais repetir: Parar a Aids é tarefa de todos.

Morrer de Aids já não é mais notícia como era alguns atrás. No passado, quem fosse acometido dessa doença era passível, em pouco tempo, de morte certa em situações terríveis de abandono e indiferença. Existiam, também, muitos preconceitos e discriminações. Fala-se de “peste gay”, de “castigo de Deus. O paciente portador do vírus HIV/Aids era duplamente vítima, da doença e do preconceito, que o levava a uma “morte social” antes da morte física.

No brasil, a epidemia do vírus HIV/Aids estava estabilizada na faixa de 20 novos casos por ano a cada grupo de 100 mil habitantes. Hoje, o número de infecções na faixa etária entre 15 e 24 anos está crescendo. Esse é um grande problema. A juventude é mais liberal, está muito bem informada a respeito dos meios de como se proteger e prevenir a doença, mas os ignora.

As últimas pesquisas mostram dados preocupantes. No Brasil, dos aproximadamente 900 mil portadores de HIV, estima-se que 20% não sabem que têm a doença. Como essa enfermidade demora em média dez anos para apresentar os primeiros sintomas, muitos infectados disseminam o vírus sem saber. Daí a importância de estimular os testes.

Ainda não temos a tão aguardada vacina, anunciada e prometida para o ano de 2000. A única, mas muito agradável novidade foram os antirretrovirais, que ajudam a pessoa a viver mais, convivendo com a doença, mas ainda sem a cura. Por isso, é necessário vencer um velho tabu: a vergonha de muitas pessoas em procurar o diagnóstico em um posto de saúde.

Deixo uma palavra de solidariedade e esperança aos portadores do HIV e a seus familiares. Não se deixem abater pela provação! A vida vence a morte. Cada dia de resistência e de combate pela vida deve ser vivido com alegria e gratidão. Os medicamentos que a ciência vai aperfeiçoando são uma parte do tratamento. A outra, depende da vontade de viver e de ser feliz na busca da cura e da harmonia com Deus e com as pessoas.


Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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