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350 mil por dia

Uma pesquisa revela que 92 por cento dos milionários norte-amereicanos consideram-se infelizes.

O que você faria com R$ 350 mil por dia? Parece absurdo sequer cogitar isso em meio à crise, mas esse será o “dilema” do atacante Carlos Tevez. O argentino assinou contrato por dois anos com o Shanghai Shenhua, da China, e passou a ser o jogador de futebol mais bem pago do mundo. Segundo a imprensa argentina, Tevez ganhará cerca de US$ 40 milhões por temporada, ou seja, R$ 350.000,00 por dia.

Outro clube chinês o Shanghai SIPC, contratou o meia Oscar, pagando US$ 73 milhões ao Chelsea. O brasileiro receberá R$ 1,59 milhão por semana ou 227 mil por dia. Messi recebe do Barcelona R$ 1,54 milhão por semana e Neymar (Barcelona) R$ 1,09 milhão. Cristiano Ronaldo (Real Madrid) é mais um jogador que recebe uma fortuna escandalosa: R$ 1,45 milhão por semana.

O dinheiro é símbolo de felicidade e, ao mesmo tempo, a maior causa de infelicidade no mundo. Uns lamentam-se por não possuí-lo, outros vivem atemorizados, com medo de perdê-lo. Há também os que vivem do consumismo e do supérfluo e gastam mal o dinheiro que ganham “com o suor do seu rosto”. Ele suscita o amor e a guerra, serve para a caridade e para o crime. Diz um adágio: “dinheiro é como água salgada, quanto mais se bebe mais sede se tem”.

Uma pesquisa revela que 92 por cento dos milionários norte-amereicanos consideram-se infelizes. As coisas mais importantes da vida não estão à venda nos supermercados, entre elas a felicidade. Com dinheiro se compra muita coisa. É até possível comprar algumas pessoas. Mas a felicidade, a tranqüilidade de consciência, o sentido da vida, não se compram com dinheiro.

O papa Francisco afirma: “Não caiam na terrível cilada de pensar que a vida depende do dinheiro e que, à vista dele, tudo o mais se torna desprovido de valor e dignidade. Não passa de uma ilusão. Não levamos o dinheiro conosco para o além. O dinheiro não nos dá a verdadeira felicidade. A violência usada para acumular dinheiro não nos torna poderosos, nem imortais”.

Faz pensar um uma história narrada pelo Evangelho. Havia um homem rico, cada vez mais rico. Pensou em aumentar as colheitas e celeiros. Com isso teria o suficiente para viver muito bem por longos e longos anos. Mas Deus lhe disse: “Insensato, nesta mesma noite vais morrer” (Lc 12,8). E mais: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24).

+ Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]

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