Cultura

Política afirmativa da UEFS garante mais dignidade para estudantes indígenas

Construída depois de discussões sobre política afirmativa, ideia do reitor José Carlos Barreto e do vice Washington Moura que criaram uma comissão com essa finalidade, a Residência Indígena, muito mais do que abrigar os estudantes vai garantir direitos, valorizar a cultura do povo Tuxá.

Ney Silva

Fotos: Ney Silva/Acorda Cidade
 

Mais dignidade em um melhor espaço para danças como o Toré, desenvolver o artesanato e principalmente manter as tradições do povo Tuxá. Essa é a expectativa dos 27 estudantes indígenas que na última quinta-feira (30/09), passaram a morar em um único local: a Residência Indígena.

  
 
Construída depois de discussões sobre política afirmativa, ideia do reitor José Carlos Barreto e do vice Washington Moura que criaram uma comissão com essa finalidade, a Residência Indígena, muito mais do que abrigar os estudantes vai garantir direitos, valorizar a cultura do povo Tuxá, aliando conhecimento acadêmico e tradições.
 
 
O Pajé Armando Gomes Apaco da Aldeia Tuxá do município de Rodelas na Bahia, mostrava-se contente com a iniciativa da UEFS. “Essa residência é muito importante porque agora o índio ao estudar nessa universidade já sabe onde vai ficar”, afirmou. Ele destacou que com um espaço próprio o estudante indígena terá mais liberdade.

 
 
Ao lado da filha Alice, a índia Eleonora também estava satisfeita. Segundo ela o estudante que é índio agora com esse apoio terá mais oportunidade de estudar. “Eles sentiam algumas  dificuldades sem um espaço próprio porque é preciso manter a nossa cultura”, disse.
 
O reitor da UEFS, José Carlos Barreto emocionou-se no momento da inauguração da Residência Indígena. “É um reconhecimento da importância do povo indígena. Acreditamos que a universidade cumpre seu papel social”, afirmou.
 
Ele explicou que a universidade tomou essa iniciativa em construir a residência para os estudantes indígenas porque havia uma proposta de acesso através do sistema de cotas, mas não tinha uma política afirmativa de permanência para receber os estudantes.” Foi preciso criar uma comissão de políticas afirmativas para discutir o que seria feito garantindo os estudos e a conclusão dos cursos da melhor forma possível”, disse José Carlos.
 
 
Estudante do curso de enfermagem, a índia Maiane Apaco fez parte da comissão de políticas afirmativas que resultou na construção da residência. Ela disse que agora com esse espaço será possível manter os rituais e os costumes do povo Tuxá.
 
"Vamos nos sentir á vontade para manter a nossa cultura e interagir com as culturas dos índios Tupinambás, Pataxós entre outros”, afirmou.
 
Maiane informou ainda que antes da construção da Residência ìndigena não havia tantas dificuldades de acomodação porque a UEFS havia alugado uma casa no conjunto Feira VI. Depois disso numa parceria com a Prefeitura de Rodelas, uma outra casa foi alugada somando três unidades para acomodação dos estudantes índios. “Como os cursos são diferentes tínhamos dificuldades em nos encontrar. Mas agora tudo vai ficar melhor porque estamos num local único”, afirmou.
 
 
A jovem indígena Deisiane  Gouveia Gomes  que cursa o terceiro ano de enfermagem, ao avaliar o novo espaço para abrigar os índios disse que agora será possível manter os costumes e as tradições do povo Tuxá. “ Aqui teremos mais espaço para dançar nosso Toré e nos dedicarmos ao artesanato”, afirmou.
 
Ela mostrou-se interessada em aplicar o que vem aprendendo no curso logo na aldeia Tuxá, dando assistência aos índios. “ Tudo que aprendemos na UEFS vai somar ás nossas tradições”, concluiu.
 
Depois da inauguração do novo espaço os índios participaram de um café da manhã e dançaram o Toré. Foi um momento muito emocionante. Várias gerações de Tuxá, reunidos no Campus Universitário num esforço enorme para não deixar morrer o que existe de melhor: As tradições do seu povo.
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