Gabriel Gonçalves
De acordo com os dados obtidos através do vacinômetro, sistema da Prefeitura Municipal de Feira de Santana que contabiliza a quantidade de doses aplicadas e recebidas, o município já atingiu a marca de 190 mil vacinas entregues pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Em entrevista ao Acorda Cidade, o secretário municipal de Saúde, Marcelo Britto, explicou que a quantidade de doses recebidas em cada município é relacionada com o critério populacional, e Feira de Santana está tendo uma defasagem em torno de 12 mil doses sem poder receber.
"O critério que o Ministério da Saúde utiliza é o critério de população, ou seja, São Paulo é o estado mais populoso do país e, portanto, necessita receber uma quantidade de doses a mais. No caso específico de Feira de Santana, o último censo que foi realizado em julho de 2020, aponta que Feira responde por 4,6% da população do estado da Bahia. Curiosamente, não estamos recebendo esse quantitativo de doses, nós recebemos 3,88% e isso significa uma defasagem de aproximadamente 12 mil doses da vacina contra o coronavírus", afirmou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Para o secretário, é necessário que haja uma explicação dessa defasagem de vacinas para o município e lembrou do período em que a capital baiana ficou sem vacinas para aplicação da primeira dose e logo foi beneficiada com doses extras, enquanto Feira de Santana, por diversas vezes precisou interromper o processo de vacinação.
"A gente precisa ouvir a explicação por que que nós estamos recebendo 12 mil vacinas a menos do que o critério estabelecido. A ideia é que receba rigorosamente a mesma quantidade que represente a nossa população, que é a segunda maior do estado, então isso não tem sentido. Vamos lembrar um pouco lá atrás, Salvador teve um momento que acabou as vacinas para a primeira dose, assim como acabou aqui também em Feira de Santana, porém se não estou enganado, o município de Salvador recebeu 40 mil doses extras, enquanto Feira não recebeu nada, por isso que estamos sempre pleiteando doses extras para que não seja paralisada a campanha de vacinação, assim como aconteceu várias vezes em nosso município", destacou.
Para o secretário, o que está em jogo nesse momento é a prioridade de salvar vidas e não há espaços para que brigas políticas sejam colocadas no meio da vacinação.
"Eu acredito que tanto o secretário Fábio Vilas-Boas quanto o nosso prefeito Colbert Martins estão lutando, brigando para que a maior parte da população seja vacinada. Acredito que deve existir algum tipo de erro na distribuição ou algum outro critério que tenha sido adotado e não temos conhecimento, mas prefiro não politizar a saúde, porque estamos falando de vidas, estamos falando de jovens, idosos, pessoas com meia idade, independente se o voto foi na esquerda, direita ou centro. Não podemos dar nenhum tipo de prioridade para o lado político", concluiu.
Atualmente o Núcleo Regional de Saúde (NRS) Centro-Leste é responsável por atender 72 municípios, incluindo Feira de Santana. É o órgão que realiza a distribuição das vacinas contra o coronavírus, que são enviadas pela Sesab.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o coordenador no Núcleo, Edy Gomes, explicou que a distribuição incialmente é feita pelo Ministério da Saúde e caso o município não tenha atualizado as informações com relação ao quantitativo populacional, estes locais serão prejudicados com o abastecimento de novas doses.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"O Ministério da Saúde é quem determina essa proporcionalidade que tem como base a quantidade da população a ser atingida. Então se o município não tem seus dados do IBGE atualizados e nem os dados da saúde ao longo do tempo, infelizmente isso pode acarretar de fato em uma quantidade menor e cada município tem a responsabilidade de manter o sistema atualizado a cada ano", destacou.
Para Edy Gomes, não há nenhum tipo de atrito entre a Sesab e a secretaria municipal de Saúde. E na manhã desta quinta-feira (20), foi realizada uma reunião entre os técnicos para que fossem dadas as orientações relacionadas à logística da vacina Pfizer.
"Eu não gosto nem de dizer a palavra atrito, acho que houve algum tipo de impasse, mas no dia de hoje, já houve uma reunião extremamente proveitosa com o secretário, com os técnicos da secretaria e aqui regularizamos e organizamos a questão logística da entrega das vacinas. Ontem de fato durante uma entrevista para uma emissora, a repórter, acredito que tenha sido infeliz em perguntar ao secretário e dizer que o Núcleo teria informado que o município não tinha freezer e isso não me interessa, até porque eu nunca falei nada a respeito disso em nenhum veículo de comunicação. O que me interessa é realizar a entrega da vacina, conforme é solicitado, infelizmente isso me deixou um pouco irritado até pela resposta do secretário à emissora. Foi uma resposta de forma leviana, eu não trabalho com informações relacionadas à saúde que sejam tendenciosas e levianas", concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade