A rotina humana é, geralmente, formada por diversas atividades, inclusive as consideradas mais simples e essenciais. Sejam elas, acordar, escovar os dentes, vestir-se, alimentar-se, trabalhar ou apenas, tomar pequenas decisões. Tais quais variam de acordo com o contexto de quem as pratica (idade, gênero, nacionalidade). Mas, e quando as tarefas simples se tornam trabalhosas? Aí entra a figura do profissional TO, Terapeuta Ocupacional.
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Neste dia 13, comemora-se o Dia Nacional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional. O terapeuta, em específico, trabalha no auxílio à pessoas que possuem alguma limitação para ao ato de tarefas do dia a dia. Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, são cerca de 20 mil terapeutas registrados em todo o país. Eles podem trabalhar junto a indivíduos em diversas fases da vida.
Seja na infância ou até o envelhecimento, o tratamento funciona em períodos que podem levar de meses a anos para serem concretizados. Um exemplo de prática é a reabilitação de um paciente que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo, tal que precisa reaprender a viver o cotidiano.
O objetivo é fazer com que o paciente desenvolva ou recupere a independência e autonomia em suas atividades. Como é o caso de Lucas Matheus Vital, natural de Aracaju, o TO chegou em Feira de Santana através de propostas de emprego. Já que, segundo ele, há uma carência de profissionais no estado.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o terapeuta que atua com foco no desenvolvimento infantil atípico, comenta sobre a rotina de cuidados. Dentre os pacientes, crianças com condições específicas como autismo, síndromes raras ou limitações físicas. Geralmente, ele precisa explicar aos pais o trabalho do TO, pois muitas vezes estes não têm o conhecimento prévio e são encaminhados por pediatras.
“O trabalho do terapeuta ocupacional é bastante recompensador, a gente trabalha com o que mais tem significado com as pessoas, o básico do dia a dia. E as atividades mais básicas, de autocuidado. No caso da criança, em toda a fase de desenvolvimento. Para que ela consiga fazer o que precisa, enquanto criança, filho, estudante. A gente prepara ela para o futuro dentro das ocupações. Nosso objetivo principal é tornar as pessoas autônomas e independentes, participativas e engajadas nas ocupações”, comenta.
Ele reforça ainda o que são as chamadas ocupações e como apenas o Terapeuta Ocupacional pode intervir de forma objetiva e adequada.
“Ocupação é tudo o que a gente faz, por exemplo, uma criança que recebeu o diagnóstico de autismo, ela tem um traço no desenvolvimento. Eu, como terapeuta ocupacional, vou intervir diante das ocupações, que no caso da criança seria o brincar primeiramente, mas também vem a participação social dela, a questão do autocuidado, o banho, escovar os dentes. Somente o terapeuta ocupacional pode realizar o treino de AVD, são as atividades de vida diária. Treinar a criança a escovar os dentes, ao desfralde, a trocar de roupa. É mais complexo do que parece porque, na verdade, envolve modelos de práticas que embasam nossa atuação. Não é simplesmente o que eu penso, o que eu acho que vai ser melhor”, ressalta.
Pais terapeutas
Embora o profissional tenha papel singular nos tratamentos com as crianças, o terapeuta salienta a importância dos pais, para ele, ‘co-terapeutas’. Isto porque, são os responsáveis que têm um contato maior e mais longo e, devem auxiliar a criança a praticar o que é simulado na terapia. Estas ilustrações utilizam brinquedos, elementos domésticos como pratos, copos ou ainda, ambientes, como o banheiro.
“As famílias são coterapeutas, são os principais agentes. Somos totalmente dependentes delas”, conclui.
Parceria com a criança
Para além dos métodos científicos, Lucas Vital reforça que há um fator tão quanto importante no dia a dia com os pacientes: a criação de vínculo. O que é possível através das brincadeiras, ou seja, a forma de a criança representar o mundo a sua volta. Neste sentido, há a utilização de vários recursos lúdicos, estejam eles no ambiente (escolar, hospitalar), na roupa utilizada pelo terapeuta e até mesmo na pele. Para Matheus, seu visual marcante funciona também como uma forma de quebrar barreiras com os pacientes.
“No começo eu tinha um pouco de receio, justamente pela minha aparência. Eu sou um homem grande, eu tenho barba, tatuagem, tenho os alargadores. Então eu pensei que isso poderia ser um fator limitante para a criação de vínculo, tanto com os pais quanto com as crianças. Mas eu tenho visto e recebido uma aceitação muito boa. O alargador acaba sendo um meio, eu utilizo como um recurso para ativar esse processo de criação de vínculo. As crianças me conhecem justamente por isso, é muito legal”, revela.
Matheus Vital expressa ainda, a emoção em participar da evolução de cada caso, que é único. Inclusive, demonstra como a presença é o maior aliado nos tratamentos.
“Sou muito apegado às crianças e elas a mim, é uma relação de amor e troca. Eu sempre estou ali com elas de verdade, e elas comigo de verdade. Criança é muito sincera, então ela já percebeu quando ela gosta e você e quando não gosta. Foi legal receber o feedback dos pais. Saber que os pacientes perguntam por mim, comentaram meu nome, querem passar pela minha sala, mesmo eu não estando lá. Mostra que há essa criação de vínculo e que eles estão evoluindo. Tenho uma conexão com a maioria deles, isso tem mudado tudo – em mim e neles”, expressa o jovem.
Por Amanda Pinheiro
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