Acorda Cidade
O somatório de forças com a parceria entre a Prefeitura Municipal de Feira de Santana, através do Hospital Inácia Pinto dos Santos (HIPS), o Hospital da Mulher, e o Hospital Otorrinos/Multiclin, unidade credenciada ao SUS, salvou a vida da recém-nascida A.S.G, internada há três meses e necessitando de cirurgia para corrigir uma obstrução nasal por formação de um septo ósseo e/ou membranoso que impede a comunicação entre a cavidade nasal posterior e a nasofaringe.
O procedimento para a correção de ‘atrésia de coanas’ – uma malformação congênita – foi realizado no centro cirúrgico do Hospital Otorrinos pelos médicos Antônio Carlos Cedin, otorrinolaringologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e pelo próprio diretor-presidente da unidade hospitalar e especialista em Rinologia e Cirurgia Plástica da Face, doutor Washington Almeida, além da equipe técnica do HIPS.
“A cirurgia por videoendoscopia transnasal foi um sucesso e o recém-nascido apresentava condição pré-operatório, apesar de estar abaixo do peso em decorrência da dificuldade para se alimentar”, afirma Cedin.
A atresia coanal congênita acomete um em cada 8 mil nascidos vivos e coloca em risco a vida do paciente. Entre os sintomas, apresenta-se a insuficiência respiratória e a cianose intermitente [coloração azul-arroxeada da pele, embaixo das unhas ou nas mucosas devido à má oxigenação do sangue arterial] exacerbada pelo choro. Segundo o doutor Washington Almeida, o “tratamento cirúrgico imediato ainda é a única opção terapêutica”.
A cirurgia ocorreu por meio de método reconhecido internacionalmente e desenvolvido pelo renomado especialista Antônio Carlos Cedin que usa tecido do interior do nariz do próprio paciente para facilitar a cicatrização e diminui a necessidade de uma nova cirurgia de 30% para 9%.
O procedimento inovador, com publicação na revista da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, consiste no aproveitamento e modelagem de retalhos do tecido que reveste as mucosas das cavidades nasais, para proporcionar uma rápida cicatrização.
“É a forma mais prática que passamos a utilizar confeccionando os retalhos, por acesso transnasal e videoendoscopia, usando os tecidos nasais e fixando-os com cola biológica de fibrina. Eliminamos a necessidade de utilização do uso de moldes pós-operatórios e, desta forma, diminui complicações infecciosas e traumáticas”, explica o especialista.
De acordo com o médico de São Paulo, o tempo de internação também é mais curto, e a permanência do paciente em ambiente hospitalar diminui de uma semana para um ou dois dias.
Felicidade
Aliviada e com sorriso largo no rosto, Vitória Manuela Galdino de Lima, mãe da recém-nascida, afirma que esperou com muita fé por este momento.
“Era doloroso vê-la sofrer. Eu sonhei com esse dia de hoje. Não tenho palavras para agradecer à cada um que olhou por minha filha”.
Segundo Gilberte Lucas, diretora-presidente da Fundação Hospitalar de Feira de Santana (FHFS), gestora da unidade hospitalar municipal, todos os exames necessários para a realização da cirurgia foram realizados no Hospital da Mulher.
“O governo do prefeito Colbert Martins Filho deu todo o apoio e nos empenhamos para conseguir a cirurgia. Deslocamos a paciente com a acompanhante [mãe] em ambulância do Hospital da Mulher e, logo após a cirurgia, trouxemos para se recuperar cuidadosamente na UTI Neonatal; três dias depois já teve alta”, ressalta a gestora.
Para a diretora do complexo materno-infantil municipal, Charline Portugal, a parceria reafirma o compromisso com a saúde do município pela gestão municipal.
“Essa é nossa responsabilidade enquanto instituição pública quando atendemos a comunidade. Nossa equipe não mediu esforços para buscar parceiros e proporcionar à família um procedimento cirúrgico com custo muito alto se fosse realizado em São Paulo”.