Saúde

Superintendente da Sesab destaca investimentos e papel do estado na área da saúde em Feira

Responsável pelo órgão criticou ainda a transferência de pacientes de baixa complexidade para o Clériston.

Centro de Hemorragia Digestiva do Hospital Clériston Andrade foto sesab macas
Foto: Ascom HGCA/Sesab

São frequentes as reclamações sobre as dificuldades enfrentadas por pacientes de Feira de Santana para conseguirem uma transferência na fila de regulação para hospitais do estado da Bahia. Além disso, na última semana, o prefeito Colbert Martins declarou que os atendimentos de urgência e emergência são de atribuição do governo do estado.

Diante das declarações, o médico e superintendente de Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Igor Lobão, buscou nesta terça-feira (17), esclarecer em entrevista ao Acorda Cidade, qual o papel da Saúde em Feira e região.

Foto: Arquivo Pessoal

“A Atenção Integral à Saúde cuida de modo transversal de todas as linhas do cuidado, desde a atenção básica até a atenção secundária das policlínicas, alcançando os hospitais de alta complexidade, os hospitais terciários. Nós temos uma atuação integral no município de Feira de Santana. É lamentável que a cidade não reconheça o papel que o governo do estado que vem desempenhando no município. Receio que não esteja bem informado quanto aos investimentos realizados pelo governo do estado, e o município vem minimizando os esforços que o estado vem desempenhando na cidade, sobretudo na área da saúde”, afirmou.

Segundo ele, há obrigações constitucionais básicas que devem ser cumpridas por Feira de Santana, que é a segunda maior cidade do estado.

“Vai desde a atenção básica, dos PSFs e a atenção primária, que envolve consultas, exames, pequenas complexidades até urgência e emergência, com o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], atingindo também a alta complexidade. O que acontece hoje em Feira de Santana é que o estado tem que socorrer a população em muitas dessas lacunas que são deixadas pelo município. Nós atuamos na atenção secundária, com assistência de urgência e emergência na porta de entrada do Hospital Estadual da Criança (HEC), no Clériston Andrade, e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que é a maior do interior do estado. Na gestão Rui Costa e Jaques Wagner, nós inauguramos o HEC, com a criação subsequente da maternidade dentro dele, o Clériston II, a UPA, bem como a policlínica regional. Estamos ampliando leitos no Clériston, estrutura da Fundação Hemoba, alcançando cerca de R$ 160 milhões só em investimentos. Também contamos com a contratação de algumas clínicas e filantrópicos no município para assistência de ortopedia, hiperbárica, o Dom Pedro com assistência cardiológica e de transplantes, que são investimentos anuais na ordem de R$ 240 milhões”, destacou.

Hospital Municipal

Conforme o superintendente da Sesab, o município tem uma estrutura de maternidade construída há 31 anos, porém toda a complexidade que venha a ter nesta estrutura é transferida ou para o HEC ou das UPAs para o Clériston Andrade. E as UPAs, que são obrigação do município a gente vê fecharem, a exemplo da UPA da Mangabeira, que será fechada sem qualquer justificativa. Então nós temos um investimento robusto e uma presença concreta do governo do estado em todos os níveis de assistência para dar atendimento à população de Feira de Santana”, disse.

Na opinião do médico e superintendente da Sesab, Feira de Santana deveria possuir um Hospital Municipal.

“Se a gente pegar outros municípios, do porte de Feira de Santana, com o que a gente chama de comando único, fazendo gestão integral dos seus recursos, esses municípios têm um hospital do município, além do hospital regional, como Itabuna, Jacobina, que é um município menor do que Feira de Santana, aonde a prefeitura se responsabiliza por duas estruturas de hospital. A gente precisaria que o município de Feira de Santana apoiasse ainda mais o atendimento à população, para que não ficassem somente a porte do Hospital Clériston Andrade, da UPA e do Hospital da Criança, como responsáveis para socorrer não apenas os munícipes de Feira, mas de todos os municípios pactuados com a região”, pontuou.

Regulação

Sobre os desafios para zerar a fila de regulação do estado da Bahia, o superintendente entende que este é um desafio constante.

“Nós trabalhamos diuturnamente para dar assistência aos pacientes que estão precisando. A melhor forma para a gente conseguir atacar esse fantasma da regulação é aumentando a resolutividade das unidades. Se a gente conseguir que os hospitais regionais ampliem sua capacidade, a gente vai demandar menos de hospitais terciários e de alta complexidade, como o Clériston Andrade, o Hospital Roberto Santos e o HGE, então se a gente tem Unidades de Pronto Atendimento no município, que funcionem integralmente, com o padrão do Ministério da Saúde, com funcionamento integral 24 horas, 7 dias na semana, dando maior resolutividade para os problemas da população, menos esses pacientes serão encaminhados para o Clériston Andrade”, destacou.

Ele criticou ainda a transferência de pacientes de baixa complexidade para o Clériston.

“Constantemente, e a gente tem a prova documental disso, a gente vê relatórios de encaminhamentos de pacientes das policlínicas e da UPA municipal para pequenas complexidades no Clériston Andrade, desde uma sutura, queda de própria altura, uma avaliação ortopédica, e isso acaba sobrecarregando a unidade, dificultando que a gente atenda de modo mais célere aqueles que precisam de verdade. A atuação nas cirurgias eletivas vai ajudar nesse combate da fila da regulação, porque a gente trata das patologias antes de elas piorarem, e estar fazendo as cirurgias antes de o pacientes desenvolverem tantos sintomas, tantas crises de dores, a gente evita que esse paciente chegue em um segundo momento, na tela da regulação. Na ortopedia, se a gente contratar algumas estruturas de menor complexidade, algumas clínicas e hospitais filantrópicos, para fazerem essas cirurgias ortopédicas, a gente deixa o Clériston disponível para atender urgências e emergências”, salientou Igor Lobão.

O superintendente da Sesab avalia que falta diálogo entre os municípios pactuados, Feira e o estado para discutir o papel de cada um.

“Nós merecemos uma grande interlocução com toda a participação do município de Feira de Santana, dos municípios consorciados, para a gente discutir a atuação mais ampla da policlínica regional que o estado participa, mas também da rede de urgência e emergência, pondo cada caixinha em sua obrigação, o município e o estado com suas obrigações, que conforme eu falei já faz investimentos robustos na saúde de Feira de Santana. Está faltando mais essa distribuição de responsabilidades”, enfatizou.

UPA do Clériston

As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) não são portas de entrada para os hospitais regionais, definiu o superintendente da Sesab. Ele pontuou, no entanto, que muitas vezes quando as outras UPAs não prestam um bom atendimento, a população acaba indo para a UPA do Clériston.

“O principal ponto para fazer a UPA funcionar bem é que toda a rede de pronto atendimento e policlínicas ampliem a capacidade de resolução dos problemas de saúde dos pacientes e não fiquem encaminhando todos os que são atendidos. A gente tem um grande desafio, que é a implantação do Hospital Ortopédico em Salvador, para fazer transplante em osso e toda a alta complexidade na ortopedia e o chamado Hospital da Costa das Baleias, em Teixeira de Freitas. Essas duas grandes unidades estão para inaugurar. Mas pensando em desafio, eu diria também que é a regionalização, aumentar a capacidade de resolução dos problemas dos pacientes nas regiões de saúde, evitando que a gente demande sempre encaminhar esse paciente para os hospitais estaduais”, finalizou.

Leia também: Hospital Municipal: prefeito de Feira afirma que urgência e emergência é de responsabilidade do estado

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