Rachel Pinto
O surgimento de casos de covid-19 com maior gravidade neste mês de janeiro em Feira de Santana e que estão demandando um tempo maior de internamento de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), bem como um protocolo de tratamento intenso com uso de ventilação mecânica, despertou um alerta para o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid, que começou a investigar a possibilidade do surgimento de uma nova variante do vírus na cidade.
O diretor do Hospital de Campanha, o médico Francisco Mota, disse ao Acorda Cidade que esta observação se apresenta de forma geral e foi despertada a partir do quadro de saúde de alguns pacientes com mais de 60 anos, que têm comorbidades e apresentaram uma maior agressividade da doença.
“Não há um número certo. Percebemos uma gravidade maior e pegamos um número aleatório de pacientes. A gente não tem suspeita do paciente A, B ou C de que ele tenha uma variante, mas foi uma observação geral do quadro. Os pacientes no início da doença chegavam com um acometimento pulmonar menor e agora apresentam maior acometimento. Temos mais dificuldade em tratar esse paciente na UTI e isso está demandando mais tempo de internação. A maior parte são pacientes com mais de 60 anos, pacientes do grupo de risco, com obesidade, diabetes e hipertensão. Raros deles têm menos que 60 anos, mas mesmo assim ainda há alguns na UTI com menos de 50 anos”, explicou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Se houver confirmação da nova variante
Francisco Mota frisou que os sintomas da covid-19 nestes pacientes que foram observados são os sintomas habituais da doença, porém de forma mais grave. Ele afirmou que caso seja confirmada a presença de uma nova variante, que consiste na mudança genética do vírus, os cuidados terão que ser aumentados, bem como o distanciamento social.
“Porque nós vimos ao redor do mundo algumas novas variantes com aumento de letalidade. O tratamento não muda, mas tem que haver um cuidado maior. Tentar a internação mais precoce para justamente prevenir as complicações que possam vir a acontecer. Uma nova variante significa uma cepa diferente da que estava habitualmente circulando. No Brasil inteiro, temos várias cepas circulando e sabemos hoje que há uma cepa mais agressiva em Manaus. Estamos acompanhando o cenário, que é bastante complicado e isso se deu provavelmente por conta dessa variante”, comentou.
O diretor do Hospital de Campanha garantiu também que se for confirmada esta variante do vírus, o município de Feira de Santana está preparado para enfrentá-la.
“O município já vem preparado desde o início. A rede está pronta para isso. O que pode acontecer é realmente é o aumento da gravidade e para isso nós estamos bem montados no Hospital de Campanha e em toda a rede”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.