Os surtos psicóticos podem gerar desconforto e incerteza sobre como agir. Compreender o que desencadeia um surto, como identificar os sinais e qual a melhor abordagem diante de alguém que está passando por esse momento é crucial para garantir a segurança e o apoio adequado.
Pensando nestas situações, a reportagem do Acorda Cidade conversou com a psicoterapeuta cognitiva comportamental, Juliete Rosa Cajuhi, que explicou o que pode desencadear um surto.
“Os surtos são episódios de um aumento temporário e agudo dos sintomas de uma doença ou condição muitas vezes associada às condições de saúde mental. Os principais gatilhos que podem desencadear um surto variam dependendo da condição de cada pessoa, de cada indivíduo. Por exemplo, um estresse que a pessoa vivenciou, um estresse excessivo, uma falta de sono, um evento traumático, ou seja, uma situação que acontece ali que pode estar causando um trauma”, explicou.
Quais sinais podem ser observados?
De acordo com a especialista, a mudança de comportamento pode ser um dos elementos a serem notados.
“Pode ser alguma mudança de comportamento, uma agitação, uma agressão, uma inquietação, uma alteração do pensamento que são conhecidos ali como os delírios. Mas afinal, o que são delírios? São pensamentos, são crenças que estão no campo da ideia, que estão no campo do pensamento, ou seja, a pessoa acredita que aquilo ali existe, não adianta você falar que aquilo não existe, que é coisa da cabeça dela. São alucinações, são as percepções falsas no sentido de ouvir vozes, ver pessoas, de se ver ali caído no chão, uma dificuldade de comunicação, uma falta de autocuidado, negligência com sua higiene pessoal, com sua alimentação, com seu sono, comportamentos autodestrutivos como automutilação, pensamentos suicidas, que seria o planejamento do suicídio, mas lembrando que cada pessoa pode apresentar sintomas diferentes”, afirmou.
Ao Acorda Cidade, a psicoterapeuta destacou o que deve ser feito em caso de presenciar alguém que esteja com crise de surto.
“Em primeiro lugar manter-se calmo, tentar transmitir tranquilidade para a pessoa que está vivenciando ali os surtos. Priorizar a segurança, ou seja, se assegurar que você e a pessoa que está em surto, se está segura, manter a distância necessária se a pessoa está muito agressiva e evitar confrontos. Chamar ajuda de um profissional no sentido de se houver riscos para a pessoa. Oferecer apoio no sentido de procurar ajuda médica ou psicológica após este surto, convidar a pessoa para sair com você, seria um ato bem generoso que pode estar fazendo quem está próximo, e respeitar também o limite das pessoas que é importante. Não forçar e não fazer nada que ela não queira ao mesmo tempo, mas se está trazendo ali o risco iminente à vida do indivíduo, neste caso você vai ter que passar deste limite”, pontuou.
Uma das observações que também pode ser feita, é quando aquele indivíduo para de fazer o que mais gostava e passa a ficar desmotivado com a vida.
“As pessoas podem perceber primeiramente pela mudança de humor, ela pode parecer triste, desmotivada e irritada, perda de interesse ou prazer pelas coisas que ela costumava fazer, incluindo hobbies e interações sociais. Mudanças do sono, ou seja, tem insônia, uma dificuldade de dormir ou hipersonia, que seria a dificuldade para acordar, seria dormir demais. Mudança de apetite, o sentimento de culpa excessivo, pois quando se tem ali uma depressão, geralmente a pessoa se culpa, ela acha que o mundo para ela é ruim, as pessoas são ruins, então são sentimentos de culpa, de coisas que ficam bastante explícitas”, concluiu.
Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade
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