Saúde

Questão do Enem traz análise de como redes sociais podem afetar a felicidade e a saúde mental dos jovens

A busca por uma vida idealizada e um corpo estereotipado e cheio de filtros tem levado adolescentes à depressão.

Jovens_ Enem_ Redes Sociais_
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

Filtros, corpos esculturais e uma felicidade inabalável. É só dar uma “scrollada” no feed das redes sociais que nos deparamos com uma vida perfeita, sem rugas, sem problemas e inalcançável. O tema é tão relevante que foi uma das questões da prova do Enem 2022 que aconteceu no domingo (14). O texto fala sobre positividade tóxica, idealização corporal e de vida e o quanto tudo isso tem afetado adolescentes e adultos.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças e problemas. A busca por um padrão ideal tem levado cada vez mais a clínicas de estéticas e centro cirúrgicos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2019, foram realizadas 1,7 milhão de cirurgias plásticas, sendo que a maioria delas (60%) para fins estéticos. Os jovens brasileiros, muitos adolescentes, acompanham esse ritmo e são os que mais se submetem a cirurgias plásticas no mundo.

“Alguns estudiosos sugerem que, o fato de investirmos grande parte do nosso tempo vendo outras pessoas nas redes sociais através de uma câmera, aumentou exponencialmente a obsessão pela autoimagem e pela busca incessável por uma perfeição produzida e irreal. Com isso, a procura por procedimentos e cirurgias plásticas ao redor do mundo aumentou”, analisa Ana Borba, médica e cirurgiã plástica que ao lado da também cirurgiã Maria Julia Norton, são cofundadoras da clínica Lis Concept.

Maria Júlia ressalta a importância de entender que cada corpo é único e a cirurgia não é brincadeira.

“É fundamental ter em mente que o procedimento cirúrgico é algo sério, que envolve transformação física que, em muitos casos, não é possível reverter. Além disso, o procedimento tem como objetivo corrigir e melhorar a saúde do paciente, mas isso nem sempre resolve questões mais complexas e profundas, como mentais e de autoestima. Por isso, em alguns casos é indicado o atendimento psicológico para fortalecer a própria imagem e ter consciência acerca dos desejos pessoais”, explicou.

Preocupadas em apresentar a realidade para suas pacientes, as cirurgiãs utilizam uma técnica de realidade aumentada que possibilita ter uma visão realista de qual será o resultado do procedimento através de uma simulação 3D, com projeção do resultado cirúrgico, o pré-operatório, a posição da cicatriz e as medidas da mama. “Nossas pacientes recebem uma amostra do que será a sua cirurgia, podendo visualizar diferentes volumes e formatos”, ressaltou a médica.

As doutoras reiteram que há informação à disposição e que os pacientes precisam usar isso na hora de escolher o médico: “Se as redes sociais colaboram para que as pessoas fiquem mais obcecadas e incomodadas com a própria imagem, por outro elas facilitam o acesso à informação. Então, por meio das redes sociais, uma pessoa que deseja realizar uma cirurgia plástica pode tirar dúvidas, conhecer melhor o perfil de médicos cirurgiões, ler notícias e artigos sobre o tema, assistir a vídeos e muito mais. Todos esses recursos são válidos para uma análise e tomada de decisão assertiva”, finaliza Dra. Maria Júlia.

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