A chegada do primeiro de Abril muitas vezes é acompanhada das tradicionais brincadeiras e piadas relacionadas à mentira. Mas para além das simples brincadeiras, a mentira pode se tornar algo muito mais sério, conforme alerta a psicanalista Andrea Ladslau.
Os meandros da mitomania, um transtorno caracterizado pela compulsão de mentir de forma frequente e incontrolável, vão além das mentiras convencionais, tornando-se uma prática arraigada na vida do indivíduo, muitas vezes associada a transtornos de personalidade, doenças neurológicas ou psiquiátricas.
“Quando a mentira se torna uma prática frequente e incontrolável, passa a ser classificada como Mitomania”, explica Andrea Ladslau. “É comum ter um amigo, parente ou conhecido que sempre inventa uma mentira, uma viagem que não fez ou uma história que nunca aconteceu.”
Os motivos para esse tipo de comportamento podem ser diversos, aponta a especialista. Entre eles estão o medo e a ambição. “Na maioria das vezes, o indivíduo mente porque tem medo de enfrentar a sua própria realidade ou medo de perder afeto ou reconhecimento”, diz Ladslau. “Outra razão possível é a ambição.”
Os impactos da mitomania vão além das relações pessoais e profissionais, podendo afetar significativamente a vida do indivíduo. “As complicações nos relacionamentos são frequentes, e quando as mentiras são descobertas, é comum que o afastamento das pessoas próximas ocorra, o que pode agravar ainda mais o quadro psíquico”, alerta a psicanalista.
Apesar dos desafios, a mitomania pode ser tratada, destaca Ladslau. “A terapia é fundamental para tratar a mitomania, e em alguns casos mais graves, o uso de intervenção medicamentosa pode ser indicado”, acrescenta ela. “Os antidepressivos, por exemplo, podem ajudar a reforçar a confiança e autoestima do paciente, bloqueando a necessidade de aceitação e eliminando as angústias decorrentes do sentimento de rejeição.”
Em suma, a mitomania é um transtorno complexo que requer atenção e cuidados específicos. “A medida que percebem os ‘falsos ganhos’ com este comportamento, os mitomaníacos passam a alimentar suas mentiras compulsivamente”, conclui Ladslau. “É crucial identificar precocemente esses padrões de comportamento para reduzir o risco de evolução da doença.”
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