A puberdade é um período de transição natural, marcado por mudanças hormonais e físicas que preparam o corpo para a reprodução. Em meninas, inicia-se entre 8 e 13 anos, sendo normalmente o primeiro sinal o desenvolvimento das mamas (telarca), seguido por aceleração do crescimento, aparecimento de pelos pubianos e, finalmente, a primeira menstruação (menarca). No entanto, quando esses sinais aparecem antes dos 8 anos, pode ser puberdade precoce, condição que requer atenção médica para evitar complicações físicas, emocionais e sociais.
Embora, em alguns casos, essas alterações antecipadas possam ser uma variação da normalidade, cada situação deve ser avaliada criteriosamente por um médico. A definição da faixa etária de 8 anos para meninas e 9 anos para meninos tem base em estudos científicos que estabeleceram os padrões de desenvolvimento infantil e são amplamente reconhecidos por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A puberdade antecipada pode levar à maturidade óssea precoce e ao fechamento prematuro das epífises, resultando em baixa estatura na vida adulta. Além disso, há impactos emocionais significativos, já que as crianças podem não entender as transformações em seus corpos, o que pode causar transtornos psicológicos e dificuldade de socialização. Nota-se também nessas meninas maior vulnerabilidade a doenças como obesidade, hipertensão e diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer associados à exposição ao hormônio estrogênio.
Diagnóstico
De acordo com a radiologista Luciana Matteoni, o diagnóstico precoce é essencial para prevenir essas complicações. Embora o diagnóstico seja essencialmente clínico, baseado em história médica e exame físico detalhados, exames complementares são muito importantes e tem sido cada vez mais solicitados.
“O raio-X de mãos e punhos é utilizado para estimar a idade óssea, um parâmetro essencial na avaliação de distúrbios puberais. Já ultrassonografia pélvica é um método de imagem seguro e não invasivo que fornece dados detalhados sobre a morfologia e tamanho do útero, bem como dos ovários, analisando a presença e dimensões dos folículos e de eventuais cistos”, detalha.
Ainda segundo a especialista, mais recentemente, tem sido realizado em conjunto com o ultrassom da pelve o Doppler das artérias uterinas, ferramenta promissora que fornece dados relevantes sobre a ausência ou presença de estímulo hormonal estrogênico. “Em determinadas situações, a ressonância magnética do crânio é indicada para investigar lesões no sistema nervoso central que podem desencadear a reativação precoce do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal”, completa a responsável técnica da Clínica Matteoni.
Para a publicitária Malena Eguia, o diagnóstico de puberdade precoce da filha Morgana, hoje com 9 anos, foi um desafio complexo. “Minha filha nasceu prematura, mas se desenvolveu rapidamente, alcançando as crianças da mesma idade e, depois, as ultrapassando. Isso nos deixou preocupados, pois eu mesma tive a menarca aos 9 anos, e naquela época pouco se sabia sobre puberdade precoce. O acompanhamento médico se tornou uma prioridade”, relata Malena.
A família buscou ajuda especializada, iniciando um extenso monitoramento. “Foram quase dois anos de acompanhamento, incluindo exames detalhados, antes de decidirmos pelo bloqueio hormonal. Optamos por um medicamento injetável de liberação lenta, que reduz a necessidade de aplicações frequentes e garante o bem-estar da nossa filha”, explica Malena. Hoje, Morgana está bem e compreende melhor sua condição. “Ela passou a aceitar seu corpo, e o que antes a incomodava, como ser muito alta, agora é algo com que ela lida tranquilamente. Temos a tranquilidade de saber que nossa filha terá o tempo certo para viver sua infância e entrar na puberdade no momento adequado”, finaliza.
Tratamento
O tratamento da puberdade precoce vai além do controle hormonal. “Nosso papel como radiologistas é fornecer dados de imagem detalhados e confiáveis para que os médicos possam tomar decisões assertivas e seguras”, ressalta Luciana Matteoni. A integração entre pediatras, endocrinologistas pediátricos, radiologistas e, em alguns casos, psicólogos, é indispensável para o diagnóstico e o acompanhamento adequados.
Caso algum sinal de puberdade apareça antes dos 8 anos em meninas ou 9 anos em meninos, é fundamental procurar um pediatra ou endocrinologista pediátrico. A avaliação precoce pode prevenir complicações e assegurar que as crianças tenham uma infância saudável, com o suporte necessário para lidar com as mudanças de forma segura e tranquila.
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