A inteligência emocional é uma forma que os seres humanos têm de acolher suas emoções de forma consciente e saudável, levando em consideração o respeito a si próprio e aos outros.
📲 😎SEJA VIP: Siga nosso canal no WhatsApp e receba conteúdos exclusivos
Para a psicanalista, Priscila de Jesus Lima, cuidar dos sentimentos desde a infância torna a vida mais fluida no sentido da qualidade dos relacionamentos que cada pessoa pode desenvolver, além de habilidades interpessoais, autoestima, empatia e responsabilidade afetiva.
“Quando a gente fala de crianças, elas estão adentrando a perspectiva do mundo, das experiências. E aí quando a gente fala de sentimentos é importante que elas tenham um espaço para poder ser acolhida, ser ouvida para aprender a lidar com as suas emoções e com os seus sentimentos, porque isso faz parte da constituição do sujeito. Então, quando a gente fala de criança, a gente está falando de constituição e construção desses sujeitos”, explicou Priscila.
Mas, por que crianças devem ser ensinadas sobre a responsabilidade afetiva?
Para aprender a reconhecer desde cedo suas emoções, mas também a do outro, respeitando suas limitações, o cuidado e o bem estar com quem se relaciona. Você já pode ter ouvido ou conhece alguém que ouviu, um adulto dizendo a uma criança sobre o “bateu-levou”.
Essa seria uma forma errada de ensinar, já que, bater de volta não vai resolver a sua dor, mas compreender aquela agressão e trabalhar para evitá-la ou puni-la corretamente, é o segredo para evitar frustrações entre as pessoas. Para isso, a psicanalista apontou práticas que podem ajudar.
“Primeiro, em casa, com a abertura dos pais de deixar a criança expressar seus sentimentos, de perguntar como ela está se sentindo diante de algumas situações. Normalmente, o que a gente escuta aqui na clínica? A gente escuta pais que falam assim, “engole o choro”, “vou lhe dar motivos pra você chorar”. E aí isso vai fazendo com que a criança faça um processo de reprimir os seus sentimentos, as suas emoções e quiçá como adulto não conseguir fazer elaborações desses sentimentos ou denominações e fazer uma represália mesmo”.
Um dos filmes que chamou atenção este ano foi a comédia infantil Divertida Mente 2, que traz as emoções de uma criança que está mudando de fase e a chegada de novos sentimentos na adolescência. Um deles é a ansiedade, mal-estar psicológico que tem afetado bastante a vida das pessoas, principalmente após o trauma coletivo da pandemia da covid-19.
“A gente vê aqui muitos adultos que, por exemplo, não se permitem sentir raiva, sentir tristeza, então é importante dentro de casa a gente ter esse espaço de acolhimento. Na escola a gente pode trabalhar isso de diversas maneiras, seja com brincadeiras, na educação infantil, seja com palestras para adolescentes, inclusive, muitas escolas têm inserido a inteligência emocional no currículo das crianças”.
Setembro Amarelo
No próximo mês, a Campanha Setembro Amarelo, período vital para a conscientização da importância da saúde mental na vida das pessoas, é mais um momento para refletir sobre como trabalhar uma relação saudável consigo e com o outro.
“A campanha de Setembro Amarelo é muito importante porque fala sobre essa prevenção ao suicídio. E aí hoje a gente vê muito adulto, muito adolescente, muita criança que vem já sendo encaminhado com um diagnóstico de ansiedade, algumas vezes com um diagnóstico de depressão. Então quando a gente vem com uma campanha como essa de conscientizar esses sujeitos, de que precisa-se compreender esses sentimentos, essa subjetividade, essa singularidade do sujeito. Normalmente a gente recomenda que faça terapia para poder ajudá-lo nesse processo”.
Para ajudar os pais e responsáveis a auxiliar uma criança que esteja passando por dificuldades emocionais, a psicanalista indicou alguns sinais.
“Um retraimento da criança, ela pode praticar isolamento, não querer muito contato com os pais, fazer um afastamento com os colegas da escola, não querer participar de algumas atividades, perda de peso, perda de apetite, pode ser também um aumento de peso, uma coisa mais considerável. Quando a gente observa que a criança começou a sair um pouquinho ali daqueles comportamentos, é bom ter o olhar atento”.
Outro comportamento apontado por Priscila é que crianças e adolescentes que sofrem bullying no ambiente escolar tendem a “ficar doentes”, sempre nos horários de ir para a escola.
“A escola tem um papel fundamental para as crianças, porque elas participam dessa formação de sujeitos, não só no sentido educacional, mas é no sentido emocional, afetivo, social. É onde a criança sai de casa para formar outros vínculos. Então a escola quando ela é bem constituída, consegue fazer uma elaboração bacana, ela consegue promover uma formação de indivíduos que possam ter uma efetividade de inteligência emocional”.
Nessa hora, investigar sem ser invasivo, perguntar por que elas não querem ir para escola, por que se sentem daquela maneira, é fundamental para acolher as emoções da criança.
Para Priscila, falar sobre depressão, morte e saúde mental, em geral, ainda é um tabu para os adultos que acabam não sabendo lidar com isso e também não conversam sobre os assuntos com as crianças e adolescentes.
“Tem esse tabu social de que não se pode falar, mas em algumas situações a gente acaba vivenciando. Então é importante conversar, ter esse tato de explicar, a gente vai pensar, repensar, vou fazer um texto mental aqui de como a gente vai levar isso para a criança tendo aquele olhar de que ele é um sujeito, de que ele fez coisas, de que ele também entende, a gente acha que não, mas entende de alguma maneira”, declarou.
Para acompanhar o trabalho de Priscila, siga as redes sociais @priscilalima.psi
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram