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Estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com a Faculdade de Saúde Pública (FSP), aponta que, desde o início da pandemia, houve um aumento significativo de profissionais de saúde com sintomas de insônia e ansiedade.
A pesquisa foi realizada com 4.384 profissionais do setor e especialidades diversas, onde 41,4% relataram quadros de insônia ou intensificação dos sintomas (no caso daqueles que já lidavam com o problema) durante a pandemia. Do total, 13% iniciaram um tratamento medicamentoso para controlar o distúrbio. Dentre os participantes, foram entrevistados médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros.
Dos entrevistados, 55,7% declararam que estavam atuando na linha de frente contra o Covid-19, sendo que 9,2% afirmaram já ter contraído o vírus em algum momento. De acordo com estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os casos de ansiedade e estresse entre brasileiros aumentaram em 80% durante a pandemia, com o Brasil liderando o ranking de países com maior índice de ansiedade no mundo.
A pesquisa da USP aponta que os principais motivos que desencadearam o quadro de insônia nos profissionais de saúde foram aumento da jornada de trabalho, redução de renda e contato excessivo com pacientes infectados com Covid-19. Também foi observado que, dos mais de quatro mil entrevistados, 76% eram mulheres, indicando que a ansiedade e a insônia estão mais presentes nas profissionais do sexo feminino. Acredita-se que parte disso se dá pelo excesso de tarefas acumuladas, já que a maioria das mulheres também precisa cuidar dos afazeres domésticos.
A insônia reflete no quadro de saúde, tanto no presente, quanto no futuro. Ela é um dos sintomas da ansiedade, pois, quanto maior a aflição com algo, mais difícil fica para relaxar a mente e conseguir ter uma boa noite de sono. Além disso, quando dormimos, o corpo passa por uma série de processos importantes para a manutenção do sistema imunológico e do quadro geral de saúde. Sendo assim, quem sofre de insônia não precisa lidar somente com a exaustão constante, mas também fica com a imunidade baixa.
Vale ressaltar que todos esses casos se tratam de ansiedade crônica, ou seja, um distúrbio que se manifesta com frequência e em crises de diferentes intensidades. A ansiedade também pode aparecer de forma isolada, em momentos específicos de muita aflição, mas não se trata da mesma coisa. Esse distúrbio precisa de acompanhamento profissional e, dependendo do caso, de tratamento medicamentoso.