Saúde

Profissionais de saúde apresentam trabalhos científicos na IX Mostra Integrada de Pesquisa do HGCA

O tema dessa Mostra Científica é “Atenção Hospitalar e a Produção do Cuidado Interprofissional em Saúde”.

HGCA
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Será realizado nesta quinta-feira (22), no auditório do Centro de Cultura Amélio Amorim em Feira de Santana, a IX Mostra Integrada de Pesquisa do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), com trabalhos aprovados de profissionais da instituição, professores e estudantes de universidades conveniadas à unidade hospitalar.

O tema dessa Mostra Científica é “Atenção Hospitalar e a Produção do Cuidado Interprofissional em Saúde”. O evento, que é aberto ao público, é promovido pelo Núcleo de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (NUGTES), juntamente com o Núcleo de Pesquisas e Desenvolvimento (Nuped) do HGCA, em parceria com as instituições de ensino superior conveniadas ao hospital.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do HGCA (Nuped), Janaina Silva Dias, explicou que este projeto tem como objetivo icentivar a produção do conhecimento e dar visibilidade às pesquisas desenvolvidas no HGCA.

Estudantes e Professores participam de IX Mostra do HGCA
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Já estamos na 9ª edição do evento, que é realizado anualmente, e evidencia a importância da socialização das pesquisas, dando visibilidade a experiências e práticas no contexto hospitalar, assim como oportuniza o diálogo e reflexões entre serviços de saúde e academia, o que ajuda na compreensão da realidade, com vistas a melhorias no atendimento ao usuário, na qualificação dos trabalhadores de saúde e ajuda no direcionamento das decisões de saúde na gestão”, observou a coordenadora .

Janaina Dias informou ao Acorda Cidade, que a comissão científica avaliou 68 trabalhos para a modalidade de comunicação oral a modalidade de apresentação no formato e-pôster, inseridos em dois eixos temáticos no evento: ‘Produção do cuidado em unidade hospitalar’ e ‘Gestão e avaliação em saúde em unidade hospitalar’.

“As pesquisas são desenvolvidas por trabalhadores de saúde da unidade, professores e estudantes das instituições de ensino conveniadas ao hospital. Existe um regulamento para submissão dos trabalhos inseridos no dois eixos temáticos já citados e a submissão dos projetos podem ser pesquisas originais, projetos de pesquisas, intervenção ou extensão, estudos de caso ou relatos de experiência, que são submetidos no evento”, informou.

Estudantes e Professores participam de IX Mostra do HGCA
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Segundo Kátia Pires de Meirelles Martins, que é fisioterapeuta e na mostra faz parte da coordenação organizadora, as pesquisas exploram dentro do hospital um campo assistencial e outras áreas relacionadas também à gestão, como a parte da humanização na assistência, e é algo bastante abrangente.

“A principal característica é dar subsídio ao próprio hospital, em função dessas pesquisas, para estar trabalhando com a melhora na qualidade assistencial, tomadas de decisões relacionadas à gestão e a percepção também em muitos trabalhos do nosso público-alvo, em relação ao serviço prestado por essa unidade hospitalar. A gente conta com uma comissão científica, que trabalha junto com uma comissão administrativa, na organização da Mostra, e esses trabalhos são avaliados por esses profissionais capacitados na área de pesquisa, para fazer essa seleção. Existe também um edital, onde são especificadas todas as situações inerentes ao enquadramento desses trabalhos na proposta da Mostra”, pontuou.

Conforme a fisioterapeuta, após o evento serão entregues certificados aos participantes e premiação para os trabalhos que serão selecionados pela comissão científica no dia da Mostra.

“Amanhã mesmo serão entregues essas premiações. Nós teremos a partir da abertura palestras que vão estar dando base ao tema, que é a multiprofissionalidade e também a apresentação de trabalhos, tanto na modalidade e-poster quanto na modalidade oral. A partir dessas apresentações, a comissão científica é dividida para participar de todos os momentos e fazer a escolha e avaliação dos trabalhos, para premiação”, explicou.

Saúde Mental e Qualidade de Vida de Pacientes

Estudantes e Professores participam de IX Mostra do HGCA
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Professora titular do Departamento de Saúde da Uefs, Kátia Santana Freitas é orientadora do projeto intitulado ‘Saúde Mental e Qualidade de Vida de Pacientes e Familiares que foram Hospitalizados em uma UTI’. A pesquisa começou em janeiro de 2022 e tem como objetivo acompanhar os pacientes e familiares que tiveram experiências em UTI.

“Queremos ver como esse paciente vive, em termos de aspectos físicos, psicológicos e cognitivos após a internação na UTI. A gente quer ver os efeitos dessa internação sobre a vida das pessoas. Nós temos uma equipe de pesquisa grande da Universidade Estadual de Feira de Santana, que atua aqui no Clériston Andrade. São em torno de 10 alunos de mestrado, doutorado e graduação dos cursos de psicologia, enfermagem e medicina, que trabalham neste projeto de pesquisa, além dos três docentes doutores que trabalham no projeto”, pontuou.

Conforme a orientadora, a internação em uma UTI leva o paciente a uma série de exposições. Os pacientes que entram na UTI são graves, com risco de morte, e lá precisam de diversas terapias e recursos tecnológicos que vão levá-los a estarem sedados por muito tempo, sob ventilação mecânica, e uso de drogas vasoativas, vão estar afastados do seu convívio familiar, em um ambiente estranho.

“Todas essas situações, a literatura já aponta, que levam o paciente a ter uma série de consequências negativas na sua vida, que podem ser físicas, e muitos pacientes têm dificuldade de andar por terem ficado muito tempo no leito, muitos problemas psicológicos, e o foco do nosso projeto é estar avaliando mesmo como fica a saúde mental dessas pessoas depois. Então a gente está investigando níveis de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, quando ele sai da UTI. A gente avalia esse paciente ainda na enfermaria do hospital, 30 dias depois a equipe de pesquisa liga para esses pacientes, conversa com eles e aplica instrumentos de avaliação de ansiedade e depressão, seis meses depois a gente liga novamente e com 1 ano. Então é um projeto que faz o acompanhamento até 1 ano após a alta da UTI”, explicou.

Os resultados preliminares da pesquisa mostram que dos 127 pacientes cadastrados e que estão sendo acompanhados pela equipe, 38,3% dos pacientes acompanhados já trazem sinais de transtorno de ansiedade, e desses 38%, 21% têm sinais de ansiedade e depressão juntos.

“Esse é um problema que precisa ser colocado no centro de atenção dos profissionais de saúde. O nosso objetivo é trazer essa problemática para a discussão pela sociedade, pelos profissionais de saúde e pelos gestores. Queremos trazer essa questão para o centro das políticas públicas. A gente percebe que pacientes que saem da UTI têm muita dificuldade de retornar à sua vida de antes, não conseguem se inserir rapidamente no mercado de trabalho, eles precisam de um acompanhamento por profissionais da área de saúde mental, de fisioterapia, ou seja, são pacientes que precisam de acompanhamento por um tempo muito prolongado, e a gente percebe que isso tem sido pouco investigado e pouco trabalhado”, informou.

Kátia Santana Freitas ressaltou que esse projeto depende da adesão dos pacientes e familiares, porque a equipe de pesquisa vai ligar e ela faz um apelo a todo paciente que passou por uma terapia intensiva no Clériston Andrade que atenda à ligação. “A gente tem WhatsApp do projeto e um número fixo na universidade que a gente utiliza para fazer as entrevistas”.

O estresse pós-traumático em enfermeiros

Estudantes e Professores participam de IX Mostra do HGCA
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Wylla Katherine Silva Nogueira, residente de enfermagem do programa multiprofissional de urgência e emergência da Uefs, também irá participar da Mostra com a pesquisa ‘O estresse pós-traumático em enfermeiros de uma emergência hospitalar no contexto da pandemia de Covid’. Ela também falou sobre o objetivo da pesquisa que será apresentada no evento.

“Como se trata de um tema voltado para a saúde mental dos profissionais de enfermagem, que é uma classe ativamente ligada ao cuidado com esses pacientes, é importante que antes de tratar o paciente, a gente precisa cuidar da classe, principalmente saindo de um período de pandemia, em que os profissionais estavam na linha de frente, e estavam o tempo todo sujeitos a vários fatores estressantes desse setor, então a gente precisa olhar com mais cuidado a esse profissionais. Minha pesquisa tem como tema ‘O estresse pós-traumático em enfermeiros de uma emergência hospitalar no contexto da pandemia de Covid’. É um tema extremamente atual, principalmente levando em conta a questão do piso salarial da enfermagem, a luta da classe, e é um momento que a gente precisa olhar para esse profissional e tentar ofertar melhores condições de trabalho, de vida para esse profissional, para a gente prestar um cuidado qualificado”, observou a enfermeira.

Racismo institucional contra profissionais de enfermagem

Estudantes e Professores participam de IX Mostra do HGCA
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A enfermeira Daiane de Jesus Gomes atua no ambulatório do HGCA e faz parte do programa de mestrado profissional da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Segundo ela, sua pesquisa está voltada para a questão do racismo estrutural.

“Meu projeto está vinculado ao programa de mestrado profissional da UFRB, sou enfermeira do ambulatório do Clériston, e o título do meu trabalho é ‘Racismo institucional contra profissionais de enfermagem no SUS: uma análise interseccional e proposta de enfrentamento às violências raciais no HGCA’. Eu escolhi esse tema porque a sociedade brasileira é notoriamente racista e o racismo é estrutural, não é somente individual. Ele é reproduzido pelas instituições e a Secretaria do Estado da Bahia tem um programa de combate ao racismo institucional e começamos a discutir princípios desse programa no Hospital Geral Clériston Andrade e o objetivo do meu estudo é no final desenvolver uma tecnologia de gestão que colabore e contribua na expansão do programa de combate ao racismo da Sesab”, afirmou Daiane de Jesus Gomes ao Acorda Cidade.

Para a profissional de enfermagem, para se combater o racismo dentro da instituições, é necessário primeiro reconhecer que ele existe. “Então é necessário educação permanente, que as universidades nos seus currículos incluam o racismo como determinante social de saúde e nas pós-graduações também”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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