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Vinte pacientes de Feira de Santana já foram submetidos ao implante percutâneo de válvula aórtica – em inglês, “transcatheter aortic valve implantation”, TAVI, procedimento inovador que garantiu à Santa Casa de Misericórdia do município a conquista do 1º lugar na categoria Pesquisa Assistencial no Benchmarking Fefsba 2018.
A premiação, que aconteceu no último dia 8, em Salvador, é realizada anualmente pela Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado da Bahia, Fefsba.
A “Inovação Tecnológica em Cirurgia Cardiovascular” já é realizada no Incardio/Hospital Dom Pedro de Alcântara, HDPA, há cinco anos, mas, vem sendo aprimorada pela equipe médica, o que garante melhores chances de sobrevivência aos pacientes cardíacos.
A equipe é liderada pelo cirurgião cardiovascular André Guimarães, que detalhou o procedimento no Benchmarking 2018.
Os principais beneficiados pela cirurgia de transcatéter de válvula aórtica são os pacientes com estenose aórtica severa que apresentam risco cirúrgico aumentado para cirurgia convencional e, em geral, costumam apresentar sintomas como síncope, dor no peito e insuficiência cardíaca.
O cirurgião informa que, de acordo com estimativas dos organismos de saúde, cerca de 30% dos pacientes com estenose aórtica valvar se submetem a risco cirúrgico severo. Já o risco de morte é estimado em 8%.
No Brasil, levando-se em consideração os dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, quase 780 mil pessoas sofrem com estenose aórtica severa. E, portanto, terão maiores chances de vida a partir do procedimento inovador.
Diversos profissionais compõem a equipe médica da Santa Casa/Incardio na realização do procedimento, dentre os quais, anestesista, ecocardiografista, cirurgião cardiovascular, hemonodinamicista, enfermeiros e auxiliares.
Para o cirurgião André Guimarães, a premiação “representa o reconhecimento de um trabalho sério, aperfeiçoado pelo grupo a partir do amadurecimento da técnica e muito treinamento da equipe até que pudéssemos colocar os primeiros casos em prática. Sintetiza ainda o esforço em prol da vida deste tipo de paciente”, destaca.
Técnica é eficaz e segura
Infelizmente determinados grupos de pacientes apresentam risco elevado para o tratamento convencional, alerta o médico. Segundo ele, há poucos anos não havia alternativa segura para esses grupos, já que mesmo a intervenção minimamente invasiva era considerada de alto risco.
Os pacientes permaneciam em tratamento clínico, apesar dos resultados insatisfatórios e baixas chances de sobrevivência. “A estenose aórtica é a dificuldade em sua abertura. As próteses abrem e fecham para que o sangue possa passar. Quando existe algum obstáculo em sua abertura denomina-se estenose”, esclarece o médico.
Ele informa ainda que diversos estudos têm demonstrado a segurança e a eficácia do procedimento, com resultados superiores ao tratamento clínico e ao tratamento cirúrgico convencional. As pesquisas demonstram ainda que a técnica é capaz de reduzir o tempo de internação, abreviar a recuperação, reduzir a possibilidade de transfusão sanguínea e o risco operatório.
Como é feito o procedimento
De acordo com o Dr. André, a técnica permite o implante de uma prótese através da perna ou pela ponta do coração – ápice cardíaco. “O procedimento é feito com o coração batendo e a prótese fica na posição aórtica”, explica o cirurgião. Uma nova válvula é colocada no lugar da válvula doente através de um pequeno tubo denominado cateter, de uma maneira muito menos invasiva que a cirurgia convencional.