Saúde

Prisão de ventre: entenda esse problema comum em mulheres

Dificuldade para defecar pode causar problemas mais graves como fissuras anais, hemorróidas e úlceras retais

Acorda Cidade

Dificuldade e dores para evacuar ou idas ao banheiro com frequência menor que três vezes por semana, podendo causar desconfortos abdominais, são considerados sintomas de constipação. Esse problema intestinal, que afeta o dia a dia das pessoas, atinge cerca de 30% da população brasileira e, em especial, as mulheres. Apesar de ser tão comum, exige atenção, pois pode gerar problemas ainda maiores.

O médico gastroenterologista, João Ricardo Duda, atuante na clínica Endoskope (Curitiba, PR), especializada em todos os tipos de condições relacionadas ao aparelho digestório e à região ano-retal, explica que a prisão de ventre, como é conhecida popularmente, pode evoluir para problemas que vão além do desconforto: “Pode provocar gases, dor anal ao evacuar, fissuras anais, hemorroidas, sangramento anal, dor lombar, dor abdominal, úlceras retais, sensação de evacuação incompleta, incontinência fecal paradoxal, vômitos, doença diverticular do cólon, entre outras”, diz ele.

Mas, afinal, por que as mulheres são mais atingidas pela constipação do que os homens? A resposta vem de diversos fatores que cercam o dia a dia delas e as fazem mais suscetíveis à Síndrome do Intestino Irritável e a distúrbios funcionais gastrointestinais. Entre os motivos estão estresse, mudanças hormonais e sedentarismo.

“Os distúrbios funcionais intestinais são desordens do Eixo Cérebro-Gastrointestinal, relacionadas ao sistema nervoso e ao estresse. As mulheres costumam ser mais sedentárias e têm mais pudor em relação ao ato da defecação. Possuem em geral uma prensa abdominal (musculatura abdominal) mais fraca. Questões hormonais, como a menopausa e o período menstrual, podem influenciar. Na gestação há modificações no assoalho pélvico, mudanças neuronais e musculares. Ou seja, diversos fatores – os quais podem ainda se somar – contribuem para maior prevalência em mulheres da constipação intestinal, em torno de três mulheres para cada homem”, elucida o gastroenterologista.

Alimentação

Há orientações simples sobre hábitos que podem ser incluídas na rotina de qualquer um e que ajudam a melhorar o funcionamento do intestino. Uma delas é consumir diariamente fibras vegetais, como frutas, verduras, legumes e cereais. Esses componentes ajudam a regular o funcionamento do intestino, mas não fazem todo o trabalho sozinhos, pois precisam também de água. Ingerir líquidos ajuda no bom funcionamento de todo o corpo, e o ideal é consumir em torno de oito copos de água todos os dias.

Atividade física

No caso de pessoas que sofrem de constipação, o recomendado é a prática de exercícios físicos aeróbicos regularmente – o exercício aeróbico é aquele que trabalha uma grande quantidade de músculos de forma rítmica, aumentando a entrada de aumento de oxigênio no organismo, como, por exemplo, andar, correr e pedalar.

Na hora de ir ao banheiro

Outra educação que se deve fazer com o próprio corpo é deixar de ignorar a vontade de ir ao banheiro e evacuar o mais rápido possível depois de sentir necessidade. Além disso, o doutor João Duda explica que a postura quando se está sentado no vaso também faz diferença. Segundo ele, o ideal é elevar os joelhos ao se sentar, colocando um apoio embaixo dos pés, de forma a ter um ângulo de 35 graus entre as coxas e o tronco.

Se, mesmo com hábitos de vida saudáveis, o problema se mostrar constante, é necessário procurar um médico. A especialização que cuida da saúde do sistema digestório é a gastroenterologia, que é o ramo da Medicina que estuda o funcionamento de todo o aparelho digestivo, incluindo boca, esôfago, estômago, intestinos, pâncreas e fígado. Apesar de haver muitos medicamentos para esse fim que não exigem receita médica, como o cloreto de magnésio, o ideal é buscar sempre a orientação de um médico, para ter certeza de que o problema não vem de causas secundárias e descobrir a melhor forma de obter melhora.

  

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