Saúde

Primeira chamada do Mais Médicos atende a 6% da demanda das cidades

A baixa participação dos brasileiros no programa fez o ministro Alexandre Padilha (Saúde) admitir que a vinda de estrangeiros é essencial.

Acorda Cidade

A primeira listagem foi feita com médicos formados no Brasil ou que já têm autorização para atuar no país. A próxima etapa será oferecer as vagas não preenchidas a médicos que hoje atuam no exterior –fechando, então, a primeira rodada do programa.
 
A baixa participação dos brasileiros no programa fez o ministro Alexandre Padilha (Saúde) admitir que a vinda de estrangeiros é essencial. "Ficou evidente que só a oferta nacional de médicos será insuficiente para, rapidamente, cobrir a demanda por médicos no interir e periferias."
 
Originalmente o Mais Médicos era voltado apenas aos médicos estrangeiros. A forte pressão contrária das entidades médicas fez o governo mudar o discurso e passar a defender a prioridade aos médicos nacionais.
 
Lançado em julho pela presidente Dilma Rousseff, o Mais Médicos tem dois eixos. O primeiro é fixar médicos, brasileiros ou estrangeiros, na rede pública de saúde de municípios do interior e periferias das grandes cidades. O segundo é ampliar o curso de medicina em dois anos –proposta já flexibilizada pelo próprio governo frente a uma avalanche de críticas.
 
Essa primeira rodada do programa recebeu o cadastro de 18.450 médicos, tanto dos que atuam no Brasil quanto dos que trabalham no exterior. Por outro lado, 3.511 cidades do país fizeram ao governo uma demanda por 15.460 médicos.
 
Nesta terça-feira (6), o Ministério da Saúde apresentou os resultados da primeira chamada do programa, específica para os médicos que já atuam no Brasil (ou formados no país ou com diplomas já revalidados) –que representam 90% dos 18.450 médicos pré-inscritos no programa e são a prioridade do programa, segundo o discurso oficial.
 
O balanço aponta que 51,8% dos médicos confirmados atuarão nas capitais e regiões metropolitanas –muito concentrados no litoral nordestino e do sudeste e na região de Brasília. O restante irá para cidades do interior com alta vulnerabilidade social.
 
Frente ao baixo percentual de confirmações ao programa, o ministério estendeu até esta quinta-feira (8) o prazo para a confirmação dos médicos que atuam no Brasil.
 
As vagas não preenchidas até aqui serão ofertadas a médicos formados no exterior e que não tenham feito a revalidação de seu diploma no país (sejam nacionais ou estrangeiros). Esses profissionais têm até quinta para escolher as cidades de interesse.
 
Fechadas essas duas primeiras ofertas, a médicos que atuam dentro e fora do Brasil, uma nova rodada de inscrições deve ocorrer na próxima semana. Rodadas completas devem ocorrer a cada mês, segundo plano original do governo.
 
O balanço foi apresentado com certa pompa. Estavam presentes o governador do Acre, Tião Viana (PT), e os presidentes dos conselhos de secretários municipais e estaduais de saúde, além de duas associações de prefeitos –o Mais Médicos foi construído em cima da pressão dos gestores locais por mais médicos no SUS.
 
Flores ornamentavam a mesa de apresentações, o que não é frequente em coletivas do Ministério da Saúde.
 
EMPURRA
 
Em lados opostos da batalha em que se transformou o programa Mais Médicos, Ministério da Saúde e CFM (Conselho Federal de Medicina) encontram explicações diferentes para o grande número de pré-inscrições e desistências.
 
A entidade dos médicos critica falhas no sistema do governo, que teriam atrapalhado –possivelmente de propósito– a inscrição dos médicos brasileiros. E diz que a falta de garantias trabalhistas previstas pelo programa –como FGTS e carteira assinada– espantou o interesse dos profissionais.
 
Já o ministério nega falhas e indica a ocorrência de um boicote da parte dos médicos. Segundo a pasta, mais de 7.000 pré-inscrições apresentaram inconsistências no número do CRM (Conselho Regional de Medicina) registrado pelo candidato e, em 90% dos casos, o número era formado por zeros e traços. As informações são do Folha de S.Paulo
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