Quando se pensa em plano de saúde, imagina-se um serviço para fornecer atendimento na área da saúde, através de exames, consultas e procedimentos, de modo contínuo, mediante o pagamento de um valor mensal pelo cliente.
O que na teoria é explicado, não é vivenciado por Ana Priscila Mendes, gerente de um hotel em Feira de Santana e mãe de uma menina autista, Maria Cecília, de apenas 4 anos de idade. A garotinha é beneficiária do plano Planserv e enfrenta restrições com alguns atendimentos no município.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Ana Priscila contou como a filha foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ano passado.
“Foi em setembro do ano passado que nós fechamos o diagnóstico, mas eu já vinha percebendo sintomas de Maria Cecília desde a amamentação, pois a criança costuma direcionar o olhar para a mãe, mas desde o dia do nascimento, eu percebia que ela não olhava para mim, ela não trocava olhares comigo. Eu fui me atentando para estes sinais, e ao longo dos meses, ela acordava e ficava quietinha no berço. A gente só dava conta que ela realmente estava acordada, quando chegava no quarto, porque ela não chorava. Na idade dela, ela teve todos os marcos de desenvolvimento de forma correta, então ela andou na idade certa, ela engatinhou, sentou, o único entrave foi a questão da fala, um atraso grande”, explicou Priscila.
Acompanhada desde o mês de novembro do ano passado, Ana Priscila informou à reportagem do Acorda Cidade que a filha só tem atendimento com psicólogo, já que o plano de saúde ainda não liberou outros especialistas.
“Maria começou o acompanhamento de fato no mês de novembro do ano passado, foi quando o plano passou a liberar apenas uma especialidade, pois até agora, ela só tem acompanhamento com psicólogo. Hoje minha filha tem o plano do Planserv, pois é dependente da minha mãe, já que ela é funcionária pública, mas estamos sentindo grandes dificuldades. Inclusive não só eu, como a maioria das mães que têm filhos com diagnóstico de autismo”, disse.
Ela informou que enfrenta muitas barreiras e que a primeira dificuldade foi encontrar neuropediatra. “Não consegui pelo plano aqui em Feira de Santana. Tive que pagar uma consulta particular em Salvador, e foi aí que fechamos o diagnóstico de autismo. Depois desse processo, Maria precisou passar pelo psicólogo, fono, musicoterapia, mas o plano só liberou até o momento, o psicólogo. Feira de Santana, uma cidade como esta com mais de 600 mil habitantes, infelizmente o plano tem uma cobertura muito pequena”, lamentou a gerente.
Recentemente Ana Priscila precisou abrir uma reclamação na ouvidoria geral do estado. Como retorno, foi informada que a fila para atendimento estava extensa.
“Neste momento, eu preciso que o plano de saúde tenha uma cobertura de forma geral, que realmente tenha uma rede de credenciamento bem maior aqui em nossa cidade. Existem muitos beneficiários do Planserv que estão em uma fila para atendimento, uma vez eu cheguei a abrir uma ocorrência na ouvidoria geral do estado. O retorno que me deram, é que a fila de espera estava muito grande e sugeriram que eu fizesse a terapia da minha filha em Salvador”, disse.
Vivendo uma situação parecida, a dona de casa Valdirene Alves da Rocha, é dependente do Sistema Único de Saúde (SUS). Mãe da pequena Maria Eduarda Alves Dias, de apenas 5 anos, a moradora do bairro Barroquinha também enfrenta dificuldades no atendimento para a filha, que também é autista.
Ao Acorda Cidade, ela informou que esteve no mês de setembro de 2023 em uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), no objetivo de marcar uma consulta, mas a mesma só foi agendada para junho deste ano.
“Minha filha hoje tem 5 anos, mas ela foi diagnosticada com autismo desde o ano de 2021, então desde este período que ela é acompanhada no Caps do bairro Olhos D’Água. A última consulta que ela teve foi no mês de março do ano passado, mas ultimamente a minha filha está com os sintomas se agravando, e infelizmente não estava conseguindo marcar um neuro. No mês de setembro, eu estive lá e informaram que só teria vaga para o mês de junho, agora de 2024”, lamentou Valdirene.
De acordo com a dona de casa, durante as crises, a filha Maria Eduarda começa a puxar os cabelos.
“Eu estou encontrando várias barreiras para ter esta consulta com o neuro e ter continuidade com o tratamento da minha filha. Hoje eu estou desempregada, não posso trabalhar, justamente para tomar conta da minha filha, ninguém tem paciência, ela se automutila, começa a arrancar os cabelos, hoje mesmo eu mostrei os vídeos para as recepcionistas do Caps, mas elas informaram que não podem fazer nada, pois a agenda da neurologista que está cheia”, contou.
A mãe clama por um tratamento adequado para a criança. “Minha filha está sem tomar remédio, a cada dia que passa, as crises pioram, é uma tristeza toda esta situação que estou passando com minha filha sem ter um tratamento adequado. O único acompanhamento que ela tem, são 45 minutos com a psicopedagoga ali no Complexo Educacional, no antigo Feira Tênis Clube, mas o que é 45 minutos na semana? Dessa forma a minha filha não tem evolução nenhuma”, declarou.
A produção do Acorda Cidade entrou em contato com o plano de saúde Planserv, com relação à situação de Ana Priscila Mendes, e aguarda retorno.
Sobre o caso da dona de casa Valdirene Alves, a produção também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e espera resposta.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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