Acorda Cidade
O Dia Mundial da Obesidade, 4 de março, não foi marcado neste ano por atividades presenciais. Ainda assim, em alusão à data, a endocrinologista do Núcleo de Obesidade do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), Thaisa Trujilho, analisou o risco da Covid-19 nas pessoas com obesidade.
Qual a mensagem hoje para as pessoas com obesidade?
Estamos vivendo um momento de aumento dos casos de obesidade, levando a uma verdadeira pandemia no Brasil e no mundo. E, em 2020, outra pandemia se sobrepôs a este cenário, que foi o aparecimento da Covid-19, doença causada por um coronavírus. Os pacientes com obesidade têm apresentado maior gravidade do quadro de Covid-19, desta forma, neste momento, é importante reforçar, principalmente nestes pacientes, os cuidados na prevenção da doença, como o distanciamento (pelo menos 1,5 metros de um a pessoa a outra), uso correto de máscaras bem ajustadas à face, higiene das mãos, e que se permaneça em casa o maior tempo possível.
A obesidade aparece como uma das comorbidades de risco para os casos graves de Covid-19. Isso reforça a importância de ampliar os cuidados na prevenção da doença?
As consequências da obesidade, que incluem comprometimento respiratório, desregulação da função imunológica com inflamação crônica e resposta inflamatória exacerbada, estão entre os mecanismos propostos para o aumento da gravidade da Covid-19. Desta forma, estes pacientes apresentam risco aumentado de hospitalização, necessidade de cuidados intensivos e morte. Estes pacientes devem ter os cuidados redobrados na prevenção da doença.
Como avalia a atenção que o CEDEBA vem dando aos pacientes com obesidade na pandemia? Como o distanciamento social tem influenciado no tratamento dos pacientes com obesidade?
O Cedeba tem uma equipe multidisciplinar treinada, que fornece acompanhamento e tratamento baseado em evidências e tem tido um papel importante no acompanhamento dos pacientes com obesidade neste período de pandemia. Durante este momento, a equipe do Cedeba vem prestando assistência de forma híbrida, com consultas presenciais e consultas por teleatendimento, instrumento útil na substituição de algumas consultas presenciais. Desta forma, os pacientes continuam sendo assistidos de forma a evitar e controlar as complicações da doença.
Quais as principais queixas dos pacientes. Estão conseguindo fazer o plano alimentar?
As pessoas estão ficando mais em casa, se exercitando menos. Isto dificulta o tratamento da obesidade. Os pacientes têm se queixado muito de aumento da ansiedade com dificuldade de manter uma alimentação balanceada. O confinamento e o isolamento social têm dificultado a prática regular de atividade física. Muitos pacientes infelizmente estão suspendendo o tratamento farmacológico e se queixando de reganho de peso e piora das comorbidades. Diante disto, tem sido fundamental a assistência prestada pela equipe multidisciplinar durante a pandemia.