Acorda Cidade
Muita gente na pandemia parou de treinar. Segundo dados divulgados pela Agência Fapesp, nos primeiros meses de confinamento houve uma redução de 35% no nível de atividade física e aumento de 28,6% nos comportamentos sedentários, como passar mais tempo sentado e deitado, além de maior ingestão de alimentos não saudáveis. Com base neste levantamento internacional, uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp) estima que a quarentena pode gerar um aumento anual de mais 11,1 milhões de novos casos de diabetes tipo 2.
Os motivos para a evasão da prática esportiva são diversos, como o fechamento das academias, o próprio isolamento social necessário para conter o coronavírus, pessoas que não conseguem treinar sozinhas e até fatores emocionais. O educador físico Vinny Lago ressalta que, além de distúrbios metabólicos, como elevadas taxas que levam a hipertensão e diabetes, o sedentarismo também causa dores musculares e articulares. Uma prova disso é o levantamento do Google Trends, por exemplo, que mostra que a pesquisa no Google pelo termo “dor nas costas” teve um crescimento de 76% desde o início da pandemia no Brasil.
“O sedentarismo fez com que dores aparecessem com mais frequência nas pessoas durante a pandemia e isso se deve pela diminuição da massa magra, que faz com que a parte óssea fique desprotegida. Os músculos têm a função de estabilizar as articulações e agem como amortecedores naturais, evitando as dores articulares, assim como também melhora o sistema metabólico”, conta Vinny Lago, que é triatleta e atua há 21 anos como educador físico.
Dicas
Quem teve uma pausa nos treinos, a dica é ir com calma. O ponto mais importante para a volta depois de um tempo parado é procurar uma supervisão e orientação de um profissional, principalmente no início, para elaborar um planejamento de adaptação e, assim que estiver condicionado e fortalecido, ter segurança para continuar.
“A atividade física é o melhor remédio, o mais saudável e natural, que promove uma resposta imediata. A corrida é benéfica neste quesito porque libera todos os neurotransmissores, causa analgesia e promove a lubrificação articular. É importante que haja uma avaliação biomecânica pois não é só chegar e sair por aí correndo. Uma prescrição detalhada é fundamental para não sentir dores e, consequentemente, sofrer alguma lesão. Quem vai com muita sede ao pote acaba se lesionando, e é o que vem acontecendo muito por ai”, afirma Vinny Lago.
O especialista destaca que, com o auxílio de profissional de educação física, o progresso será mais rápido que quando iniciado pela primeira vez, mas com uma necessária adaptação: “O corpo foi feito para se movimentar e, a partir do momento que há uma movimentação corporal, o sistema metabólico começa a reagir. Consequentemente, haverá uma lubrificação articular e um aumento do tônus muscular e o corpo irá reagir de maneira bastante significativa no sistema de proteção das articulação e parte óssea. A pessoa já vai se sentir bem a partir de uma simples caminhada, um treino, um alongamento e, consequentemente, as dores serão minimizadas”, finaliza.