Saúde

Oftalmologista tira dúvidas sobre retinoblastoma, câncer que acomete a filha do apresentador Tiago Leifert

De acordo com a especialista, o retinoblastoma é um câncer ocular, o qual, dos tumores malignos, é o mais comum na infância, mas ainda assim é uma doença rara.

Laiane Cruz

Após o apresentador Tiago Leifert e a esposa, a jornalista Daiana Garbin, revelarem no último sábado (29) que sua filha Lua, de 1 ano e 3 meses, está com um raro tumor nos olhos, muitas dúvidas de pais surgiram acerca da doença e o que a provoca. Apesar de raro, esse tipo de câncer é agressivo, porém com o diagnóstico precoce, as chances de cura são altas, conforme explica a médica oftalmologista Cristiana Roncone, que atua em Feira de Santana.

De acordo com a especialista, o retinoblastoma é um câncer ocular, o qual, dos tumores malignos, é o mais comum na infância, mas ainda assim é uma doença rara. “Teve muita repercussão na mídia e se tornou conhecido por conta da filha do Tiago Leifert, mas é uma doença rara, porém extremamente agressiva. O ideal é que seja diagnosticada o mais cedo possível para conseguir ter tempo de tratar sem ter consequências”, alertou.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Segundo Roncone, existem dois tipos de retinoblastoma: o que é herdado diretamente dos pais e aquele que pode vir através de uma mutação. “Porém, a origem dele é sempre genética. Uma é quando o pai tem um gene e a mãe tem outro gente. Nenhum dos dois têm a doença, mas na hora que os dois se encontram ela aparece. Essa é a herdada. E existe o caso onde nenhum dos dois tem o gene, mas na formação do neném acontece uma mutação nesse gene, que é o RB1, e aí a doença se manifesta”, disse.

Sinais

Acerca dos sinais que podem se apresentar na criança está a diferença no reflexo da pupila. “Quando você tira foto com a criança, principalmente com flash, a menina do olho que é a pupila, que é aquela área central pretinha, mas com o flash fica avermelhada, acaba aparecendo mais esbranquiçada. O desvio do olho, quando a criança tem um estrabismo, o chamado olhinho vesgo, pode ser um dos sinais, e a criança pode ter lacrimejamento e sensibilidade à luz fechando um ou os dois olhos”, afirmou.

O caso da Lua é hereditário, ou seja, quando é necessário dois genes para se manifestar a doença. “O que aconteceu com a filha do Tiago Leifert é que o pai tinha um gene e não tem a doença, e a mãe tinha um, e na hora que eles se encontraram apareceu a doença na criança. Então esse caso veio dos pais, pois eles carregavam os genes que predispõe à doença”, explicou.

Diagnóstico

O diagnóstico, segundo a oftalmologista, é feito através do exame ocular, entre eles o teste do olhinho logo quando a criança nasce, na maternidade, e também através da consulta de rotina.

“Pode ser feito com o reflexo vermelho, quando o pai e a mãe tiram uma foto da criança em casa e vêem que a criança está com um reflexo diferente, meio esbranquiçado. O diagnóstico mesmo é feito com o exame de fundo de olho, que a gente chama de mapeamento de retina. Então, teve a suspeita, vai para o oftalmologista, que dilata a pupila e faz o exame do fundo do olho. Tem tratamento e quanto mais cedo descobrir maior a quantidade de tratamento a oferecer. Existem casos que é possível tratar e preservar a visão, e a criança ter ainda alguma visão naquele olho, existem casos avançados em que é necessário tirar o olho e casos que ameaçam a vida, quando já se espalhou ao redor, e como está na cabeça que é uma área muito sensível acaba tendo risco até para a vida da criança”, observou.

A médica lembrou que o dia 15 de fevereiro é um dia de luta contra o câncer infantil e o acompanhamento médico é fundamental.

“Essa é uma doença que se você não procurar você não acha. O ideal é a criança já na maternidade fazer o teste do olhinho, que pode ser feito por um pediatria, e tendo a suspeita tem que ir para o médico oftalmologista. Após isso, uma vez por ano, o ideal é que a criança faça um exame de vista, com dilatação da pupila e exame do fundo de olho, para ver o risco de estar desenvolvendo alguma coisa. Infelizmente, temos casos em Feira de Santana. Apesar de ser raro, a gente pega no consultório. Tenho uma paciente de Feira que foi diagnosticada com seis dias vida. Ela foi encaminhada para fazer o teste do olhinho, percebeu-se que o exame estava alterado e fez-se o mapeamento de retina. No dia seguinte, ela estava passando pelo oncologista, que inclusive é o mesmo que trata a Lua, filha do Tiago Leifert, o médico Luiz Teixeira”.

Ainda conforme Cristiana Roncone, o tratamento é feito de forma específica por alguns serviços de referência, que não tem em todas as cidades. Em Feira de Santana, por exemplo, não existe esse tipo de tratamento na rede privada ou pública. E para pacientes que não têm condições financeiras de arcar com os custos, existe a possibilidade de tratar pelo SUS na capital baiana.

“Existe o tratamento pelo SUS em Salvador, e como é uma doença agressiva, existe toda uma rede de apoio já formada. E se a gente diagnostica, é muito tranquilo conseguir a vaga, o transporte, a prefeitura se mobiliza, e tem todo um sistema já formado para absorver essas crianças. Em Feira não existe o tratamento, que é altamente especializado, específico, e em Salvador existe esse tratamento. Mas no caso dessa menina de Feira, ela foi para São Paulo. Como qualquer outro câncer ele pode se espalhar para o sistema nervoso central e atingir o cérebro e se tornar letal. Por isso ele é extremamente agressivo, quando sai do olho, daí a pressa em diagnosticar”, concluiu.

 

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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