Dia Mundial da Obesidade

'Obesidade deve ser tratada como doença', aborda endocrinologista

Segundo Gerusa Brandão o estigma relacionado ao excesso de peso muitas vezes associa a obesidade aos hábitos não saudáveis e muitas vezes as pessoas se esquecem de que a obesidade é uma doença e deve ser tratada como tal.

Foto: Freepik
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O Dia Mundial da Obesidade é comemorado neste sábado (4), com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de prevenir a doença. Conforme o Ministério da Saúde a obesidade é uma patalogia crônica que tende a piorar com o passar dos anos, caso o paciente não seja submetido a um tratamento adequado e contínuo.

Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), a obesidade é muito mais ‘do comer menos ou exercitar-se mais’, ela está ligada também aos fatores biológicos, como explicou a Endocrinologista e Metabologista, Gerusa Brandão.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A obesidade é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2017. É uma doença crônica e que deve ser tratada como doença e não como um mal hábito. É uma doença multifatorial que tem um caráter genético, e que é influenciada por toda uma questão do ambiente social, e também influenciada pelo sedentarismo”, disse.

Conforme Gerusa Brandão, filhos de pais obesos têm maiores chances de desenvolver a obesidade.

“Tanto pelo caráter genético quanto pelo carater ambiental. Então, pais obesos estão em um ambiente que talvez não seja o mais correto para o controle da doença e o filho já cresce naquele ambiente social que talvez não seja o ideal, com falta de exercícios, sem uma alimentação saúdavel. Normalmente com uma alimentação rica em ultraprocessados, com execessos de calorias que podem precipitar o aparecimento mais precoce da obesidade”, explicou.

Índice de Massa Corporal

Uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC), uma classificação de risco, é maior ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2. Os indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados com sobrepeso e já podem ter alguns prejuízos com o excesso de gordura. “O IMC é uma classificação de risco. A obesidade grau 3 é uma obesidade já classificada como severa e onde a gente tem que ter realmente um tratamento mais específico e mais rigoroso”, apontou.

A obesidade é um problema de saúde pública que afeta pessoas de todas as idades e de todos os grupos sociais, ressaltou a endocrinologista.

“É o maior problema que nós temos de saúde pública no mundo e que afeta todas as idades. O Atlas que saiu recentemente da Federação Mundial de Obesidade mostra que a gente tem um crescente aumento tanto da obesidade infantil quanto em adultos. Então, é uma doença que atinge todas as faixas étarias. A obesidade é uma doença que possui o risco de mortalidade precoce, tem o risco de desenvolver comorbidades pela própria doença, como apnéia do sono, questões de mobilidade, questões sociais como o bullying, alterações das emoções”, elencou.

Transtornos

Além disso, vários transtornos podem ser desencadeados por meio da obesidade.

“Desde uma questão relacionada ao isolamento, quando a pessoa começa a não se sentir bem, como o sofrimento causado pelo bullying, a gente sabe que uma das maiores causas de bullying em crianças, por exemplo, é a obesidade, com isso uma personalidade vai sendo retraída. A pessoa é criada muitas vezes culpada, ela não entende que a obesidade é uma doença que independe de hábitos, muitas vezes, porque pode ser causada por outros distúrbios, como os distúrbio endócrinos e temos toda uma repercussão psicossocial desse indivíduo que se isola, que não quer ir para a academia, porque tem medo de se expor, tem medo de críticaa. Esse indivíduo não quer ser chamdo de guloso, porque não é a gula que causa a obesidade, não é a preguiça que causa obesidade”, diferenciou.

A campanha deste ano busca olhar para a obesidade com novos olhos, a fim de retirar estigmas e paradigmas.

“Devemos combater a gordofobia. Eu acho que a gente tem que deixar bem claro o que é estar bem, porque ter um pouco de excesso de peso é uma coisa, o que a gente não pode é esquecer que o excesso de peso traz consequências à saúde”.

A partir do momento em que o excesso de peso traz outras doenças e consequências para a saúde ele não deve ser romantizado, abordou a endocrinologita.

“No momento em que eu tenho excesso de peso, mas esse excesso me traz diabetes, hipertensão, câncer ou morte prematura, nós não podems romantizar até ao ponto de não considerar a obesidade como uma doença. Ela tem um impacto na saúde do indivíduo e deve ser tratada como doença”, ressaltou.

Tratamento

Em entrevista ao Acorda Cidade, Gerusa destacou que a obesidade é uma doença que causa outras, como a diabetes, hipertensão e alguns tipos de cânceres que podem advir da condição do excesso de peso.

“Como uma doença crônica, nós podemos fazer uma analogia a diabetes. A diabetes é tratada do ponto de vista do ambiente, com alimentação saudável, com atividade física e também, quando necessário, com medicação. A obesidade é uma doença que deve ser tratada de forma medicamentosa, ela também tem o tratamento cirúrgico, quando ela atinge um nível que neecssite da cirurgia bariátrica”, esclareceu.

Existem também diversas drogas autorizadas pela Vigilância Sanitária para tratar a doença. “A semaglutida, liraglutida, sibutramina, orlistate e a naltrexona associada a bupropiona”, apontou.

Tempo para diminuir o peso

As metas para perder peso são individuais e calculadas pelo excesso de peso que cada pessoa possui.

“A gente inicialmente prevê e nós sabemos, isso é estatístico, que no momento em que a pessoa perde 10% do excesso de peso, ela melhora a sua saúde, diminui níveis de colesterol, de hipertensão, de apneia do sono. Então um indivíduo que, por exemplo, tenha 80 quilos, e tenha um IMC elevado, se ele perder oito quilos ele vai ter uma saúde em cerca de 30% melhor”, disse.

Muitas pessoas não procuram tratar a obesidade, porque pensam que vão ter que ficar sem comer, no entanto, durante o tratamento é trabalhado a ideia de que a alimentação saudável é a meta.

“A pessoa muitas vezes nem procura o médico, nem procura o tratamento, porque acha que vai ser submetida a uma dieta extremamente restrita, e hoje a gente entende que tratar a obesidade não é só restrinção de caloria, é trabalhar com a aliemntação mais saudável. Se você aumenta 8 gramas de fibras diárias na sua dieta você reduz o risco em 15% de desenvolver diabetes e reduz em 19% o risco de desenvolver doenças coronárias. Ou reduzir as chances de ter um eventos”, orientou.

As atividades rotineiras são valorizadas no processo do tratamento contra a obesidade.

“Em relação a atividade física, as pessoas acham que o médico vai dizer que elas têm que, obrigatoriamente, entrar em uma academia, ou ir para determinada modalidade de atividade. Mas na verdade temos que valorizar as atividades rotineiras como andar, dançar, nadar, subir e descer escadas, isso também faz parte de exercício físico, porque isso também é se exercitar”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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