Os agentes comunitários de saúde (ACS) têm um papel crucial na integração entre as comunidades e o sistema de saúde no Brasil. Nos postos de saúde e nas Unidades de Saúde da Família (USF), eles se tornaram parceiros essenciais para os médicos e equipe de saúde como um todo, garantindo que os cuidados cheguem de forma efetiva a quem mais precisa. Sua atuação vai além do simples acompanhamento: eles são o elo entre os profissionais de saúde e a realidade cotidiana das famílias atendidas. Esse trabalho em campo, por meio de visitas domiciliares, proporciona uma visão detalhada da saúde da população, colaborando com o processo de trabalho dos médicos da equipe de saúde da família.
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Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, o Brasil contém 402.777 agentes de saúde, entre agentes comunitários e agentes de endemias, responsáveis por atuar nos territórios onde residem e ajudar no controle da saúde daquela população. Já a Bahia, segundo dados do Ministério da Saúde, conta com 25.287 agentes comunitários de saúde e 11.859 responsáveis por combater as endemias. No primeiro semestre de 2024, o Ministério da Saúde investiu mais de R$700 mil na qualificação para melhorar o trabalho desses profissionais, através do Curso “Mais Saúde com Agente” e que proporcionará aos ACS uma formação de nível técnico, além de atualizar o incentivo financeiro para dois salários mínimos.
A visitação nas residências permite que os agentes comunitários identifiquem antecipadamente problemas que podem passar despercebidos em consultas. Ao conhecer o ambiente familiar, hábitos e condições de vida, o ACS pode alertar os médicos sobre fatores de risco e situações vulneráveis. Além disso, ao orientar as famílias sobre a importância de realizar exames preventivos e buscar atendimento médico no momento correto, os agentes ajudam a reduzir o número de complicações de doenças que poderiam ter sido tratadas precocemente.
A estudante da UnexMED Feira de Santana, Renatha da Silva, ressalta o valor da presença dos ACS nas comunidades: “O trabalho dos agentes é indispensável para nós, futuros médicos. Eles oferecem informações valiosas e cruciais para otimizar a atuação dos médicos sobre o contexto dos pacientes, o que nos possibilita uma abordagem mais humanizada, contínua, integral e assertiva no tratamento.”
Esse conhecimento de campo é uma ferramenta poderosa para os médicos. Com informações detalhadas fornecidas pelos agentes comunitários, eles conseguem desenvolver diagnósticos mais rápidos e eficientes, otimizando o tempo de consulta e garantindo um atendimento de maior qualidade. Além disso, a relação de confiança que os ACS estabelecem com as famílias facilita também o encaminhamento dos pacientes para tratamentos especializados quando necessário, o que pode ser decisivo para a saúde de muitas pessoas.
Luzenilda Garcia, é agente comunitária de saúde desde 2005 e explica: “O trabalho do agente comunitário de saúde é de fundamental importância porque é através das nossas visitas diárias, através do nosso trabalho na prevenção das doenças, na promoção da saúde, que conseguimos levar as demandas até a equipe de saúde. Costumamos dizer que nós somos a porta de entrada, que nós somos o elo entre a comunidade e a equipe de saúde. É muito gratificante pra mim, quando eu consigo identificar uma situação de saúde, levar ao conhecimento da equipe e junto com todos conseguimos uma resolutividade, então pra mim isso não tem preço. Eu me sinto lisonjeada de estar fazendo parte dessa equipe, por estar contribuindo na saúde e o nosso trabalho vai muito além das nossas atribuições como ACS. Muitas vezes nós criamos vínculos com a família, nos tornamos amigos, conselheiros e, até mesmo, “psicólogos” porque muitas vezes a gente precisa parar, ouvir, aconselhar. Isso é ser agente comunitário, isso é o nosso trabalho. Eu sou muito feliz por ter esse trabalho, faço com dedicação e procuro sempre dar o meu melhor”, comenta Luzenilda.
A contribuição dos ACS se reflete também na prevenção de doenças e na promoção da saúde. Eles orientam, através da educação em saúde, sobre a vacinação, medidas de higiene, alimentação saudável e a importância do acompanhamento médico regular, especialmente para grupos mais vulneráveis, como idosos, gestantes e crianças. O resultado é uma população mais informada e uma rede de saúde que consegue trabalhar de maneira mais eficiente.
Para o professor Rodolfo Pimenta, a integração entre o ACS e o médico da equipe de saúde é um modelo de sucesso: “A troca de informações entre o agente, estudantes e o médico é uma estratégia que enriquece o trabalho nas unidades de saúde. Sem os dados trazidos pelas visitas domiciliares, muitos pacientes poderiam ficar sem o cuidado adequado, e o tempo de resposta seria mais longo, além disso, há um intercâmbio de conhecimentos muito importante entre esses profissionais, a equipe e os estudantes. Esse contato no início do curso é essencial para que os futuros médicos conheçam a realidade da atenção primária em saúde e o quanto que o trabalho em equipe é importante”, comenta Pimenta que é um dos professores da UnexMED que acompanham os estudantes na unidade de saúde da família do Corredor dos Araçás, em Feira de Santana.
Assim, os agentes comunitários de saúde são os olhos e ouvidos do sistema de saúde dentro das comunidades, garantindo que as necessidades dos moradores sejam atendidas de forma eficaz e tempestiva. Eles representam uma ponte essencial para que o trabalho médico seja mais ágil, completo e impactante, especialmente em áreas mais carentes, onde o acesso à informação e aos serviços de saúde são limitados.
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