Setembro Dourado

Médico destaca os tipos mais comuns de câncer em crianças e alerta para a importância do diagnóstico precoce

Segundo ele, a falta de especialistas, especialmente nas cidades do interior, é um fato muito importante que atrasa o diagnóstico.

HEC
Foto: Ascom

O Setembro Dourado é um mês dedicado à conscientização sobre o câncer infanto-juvenil, uma doença que, embora rara, é uma das principais causas de mortalidade em crianças e adolescentes no Brasil. No Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana (HEC), a equipe de oncologia desempenha um papel fundamental no diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pequenos pacientes.

O oncologista pediatra e coordenador do setor de oncologia do HEC, Maurício Meira, destacou em entrevista ao Acorda Cidade a importância do diagnóstico precoce para a cura da doença e afirmou que a falta de especialistas, especialmente nas cidades do interior, é um fato muito importante que atrasa o diagnóstico.

“O câncer em pediatria é raro. Apesar de estarmos num país em desenvolvimento, no câncer pediátrico a gente consegue uma taxa de cura global de 70%. Isso é muito mais alto do que doenças, inclusive, não oncológicas. Só que, infelizmente, a maioria dos especialistas e a maioria da rede de saúde é concentrada nas cidades, nas capitais. Então, a gente tem uma infinidade de cidades que, muitas vezes, vão ter um serviço de saúde deficitário, e que atrasam esse diagnóstico. Quanto mais se atrasa o diagnóstico de câncer, mais diminui a chance de cura. O que a gente busca, é fazer o diagnóstico rapidamente, de maneira assertiva, para que o tratamento seja adequado, aumentando a chance de cura”, afirmou.

O oncologista pediatra falou ainda sobre os principais tipos de câncer que acometem as crianças. Segundo ele, leucemia e tumores cerebrais são os tipos mais comuns que chegam ao Hospital Estadual da Criança, que atualmente acompanha por volta de 60 crianças.

“O nosso acompanhamento é mais demorado. Na verdade, os tratamentos duram, na melhor hipótese, cerca de seis meses, chegando a até dois anos e meio. Depois de terminado o tratamento, a gente ainda acompanha os pacientes por volta de cinco anos para então a gente realmente declarar a cura oncológica”.

Como funciona o atendimento no HEC

O médico Maurício Meira explicou como funciona o atendimento no HEC para crianças com suspeita ou confirmação de câncer. Ele afirmou que na Bahia, além de Salvador, apenas os municípios de Itabuna e Feira de Santana possuem hospitais com essa especialidade.

Maurício de Souza Meira
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Somos um hospital que é porta aberta, então qualquer paciente que tenha suspeita de câncer, ele pode entrar pela emergência ou marcar consulta com a gente. A gente tem um ambulatório onde faz atendimento dos pacientes que já estão em acompanhamento, mas também de novos pacientes. Além disso, a gente ainda acaba diagnosticando alguns pacientes dentro do hospital, que entraram por qualquer motivo de saúde e se descobre que tem um câncer”.

Segundo o oncologista, a maioria dos casos é diagnosticado pela unidade de saúde. No caso da leucemia, tipo mais comum nas crianças, o médico explica que para o diagnóstico, é feito o estudo da medula óssea. Quando se confirma o câncer, inicia-se o tratamento.

“Aqui no hospital, a gente tem uma equipe de cirurgia pediátrica que faz cirurgia em caso de necessidade. Aqui também fazemos o serviço de quimioterapia. Para os pacientes de Feira de Santana e os que o município é pactuado com Feira, a gente faz radioterapia na Unacom. Quando não há essa pactuação, a gente encaminha o paciente para fazer em serviços externos, como no hospital Aristide Maltez, por exemplo, que tem radioterapia. Após o tratamento, os pacientes voltam para nós, para a gente manter o acompanhamento”, explicou o médico durante entrevista ao Acorda Cidade.

Além dos profissionais de oncologia pediátrica, várias outras especialidades trabalham em conjunto na assistência da criança com diagnóstico de câncer. O médico Maurício Meira destacou que no HEC há uma equipe multidisciplinar, com profissionais de serviço social, psicologia, pedagogia, fisioterapia, odontologia, onde consegue-se oferecer um tratamento global ao paciente.

E os familiares das crianças também recebem apoio. Conforme explicou o médico, no HEC há duas maneiras de se ajudar: através do serviço social do hospital, que presta todo tipo de suporte às famílias, e também através de dois grupos que trabalham em parceria com o hospital.

“Um é o Grupo de Apoio à Criança com Câncer, de Salvador, e o outro é a AAPC (Associação de Apoio à Pessoa com Câncer). Eles se tornaram parceiros. Pacientes que são de municípios muito longe, por exemplo, a gente consegue dar uma hospedagem aqui na AAPC. O Grupo de Apoio à Criança com Câncer tem alguns benefícios que eles conseguem fazer para ajudar as famílias para que a gente não interrompa o tratamento”, destacou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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