Saúde

Mastologista explica sobre prevenção e tratamento do câncer de mama

Manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos com frequência pode reduzir até 15% a chance de se ter o câncer de mama.

Gabriel Gonçalves

O câncer de mama é causado pela multiplicação desordenada de células anormais, que ao se multiplicarem, formam um tumor. O relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2,3 milhões de diagnósticos da doença apenas no ano de 2020.

Segundo a médica mastologista do Grupo Baiano de Oncologia (GBO), Jéssica Portela, em entrevista ao Acorda Cidade, dados da OMS mostram que esse aumento da taxa de pacientes oncológicos pode estar associado ao aumento da população mundial.

"No próprio relatório da OMS, alguns fatores podem estar associados, como o aumento da população mundial e o aumento da taxa de expectativa de sobrevida, ou seja, quanto mais a mulher sobrevive, maior chance dela ter um câncer de mama. Aliado a isso, tem os hábitos de vida que influenciam bastante. O caso da obesidade, sabemos que é um dos fatores de risco para a doença e comparada a outros tipos de câncer, atualmente é uma doença considerada mundial e isso tudo teve um impacto importante nesse aumento do número de câncer de mama, que ultrapassou o de pulmão nos últimos anos", afirmou.

Manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos com frequência pode reduzir até 15% a chance de se ter o câncer de mama. De acordo com a médica, existem outros fatores também para prevenir a doença.

"Sabemos que o câncer de mama na verdade é uma doença multifatorial e tem fatores que não conseguimos modificar. Só o fato de ser mulher, o risco é maior de se ter a doença, mas a partir de outros fatores existentes, conseguimos modificar estes resultados, como o controle de peso, exercício físico regular, não necessariamente que seja de auto impacto, nem de musculação, mas que seja uma simples caminhada de 30 minutos, pode diminuir de 10 a 15% o risco de contrair o câncer, assim como a alimentação saudável. De vez em quando, alguns pacientes chegam no consultório e relatam que estão praticando atividades físicas, não estão comendo comidas gordurosas, mas mesmo assim, tiveram a doença, isso tudo porque sabemos que existem fatores que não tem como mexermos, mas vale destacar que podemos fazer com que esse risco seja cada vez menor", alertou.

Para a médica Jéssica Portela, a obesidade tem uma grande influência no aparecimento do câncer de mama e de outros tipos de câncer também, devido à produção de hormônio que é feita naturalmente.

"A gordura está relacionada à produção de hormônio e na produção de hormônio periférico através de outras enzimas, pois quanto mais gordura se tem no corpo, mais o paciente aumenta a taxa de hormônio, o que acaba hiper estimulando a glândula mamária, tendo um maior risco de se ter o câncer de mama. Além dos radicais livres que acabam levando a disfunção e um quadro de inflamação em todo o corpo, o que ocasiona em um impacto muito grande no câncer de mama", disse ao Acorda Cidade.

Apesar de não ser na mesma proporção das mulheres, os homens também correm o risco de desenvolver o câncer de mama. Segundo a médica mastologista, a doença pode acometer os homens devido ao descontrole hormonal, principalmente com relação à testosterona e estrogênio.

"O câncer de mama nos homens é uma porcentagem muito baixa, de todos os números diagnosticados, apenas 1% afeta os homens e de qualquer forma. Não é comum ter glândula mamária no homem, mas eles podem desenvolver essa glândula devido ao descontrole hormonal. Principalmente em relação à testosterona e estrogênio, isso não é raro e é até comum nos consultórios, mas é importante ressaltar que homem que tem glândula mamária não tem o maior risco de ter câncer de mama. Alguns homens chegam preocupados, mas isso não tem relação. A partir do momento que se tem estas células, elas podem desenvolver e acabar levando ao câncer, é raro, mas acontece", explicou.

De acordo com a médica, ainda não há estudos que comprovem que os ovos de granja podem aumentar o risco de contrair câncer de mama, mas a orientação aos pacientes é que se for possível, evitem.

"A grande questão das galinhas de granja e ovos de granja é justamente as substâncias que são dadas, com o objetivo de que a galinha fique gorda, os ovos fiquem maiores e eles acabam dando a estes animais hormônios. Consideramos como se fosse um alimento industrializado, porque acaba sobrecarregando algumas substâncias que normalmente não teria nesses alimentos. Atualmente não há nada comprovando que os ovos de granja irão aumentar o risco de contrair o câncer de mama, mas orientamos aos pacientes que evitem, caso seja possível, compre os ovos de quintal", declarou.

Quem retira o útero, corre o risco de ter menopausa e câncer de mama?

De acordo com a médica, a retirada do útero não tem relação com o câncer, nem com a menopausa, caso a mulher continue com os ovários, esta paciente continua com a produção de hormônios.

"A retirada do útero não tem relação com o câncer de mama, nem com a menopausa, porque se esta paciente retira o útero, mas continua com os ovários, ela continua com a produção de hormônios. O que não vai acontecer é ter a menstruação. Em contrapartida, essas pacientes acabam tendo uma proteção para o câncer de mama, porque foi tirado os ovários, diminuindo o estrogênio, a testosterona, hormônios femininos e inclusive, essa retirada é indicada em caso de algumas pacientes que possuem alto risco", disse.

É normal menstruar até os 55 anos de idade?

Para a Jéssica Portela, esta é uma paciente que está dentro do limite, pois existe a menopausa precoce e menopausa tardia.

"No geral, a menopausa vai acontecer entre os 45 e 55 anos de idade. Se uma paciente parar de menstruar antes, falamos que é menopausa precoce, caos seja após, falamos que é uma menopausa tardia. Quando se passa desse período, fazemos uma avaliação hormonal para ver se tem algum descontrole, alguma alteração que justifique e neste caso, é uma paciente que terá a menopausa após os 55 anos de idade. Consideramos um fator de risco para o câncer de mama, porque ela já passou da idade", explicou.

Jovens podem ter câncer de mama?

Segundo a mastologista do GBO, a probabilidade dos jovens contraírem o câncer de mama será de acordo com o histórico familiar.

"Em geral, são pacientes que já têm um histórico familiar importante de câncer de mama, ou algum paciente que tenha mutação genética, que às vezes pode ter começado com esta paciente. Então os jovens podem sim, em geral. São tipos de cânceres que falamos que são um pouco mais agressivos, porque são cânceres que crescem mais rápido, e alguns tipos, dizem que tem mais associações aos pacientes jovens, como aqueles triplo negativos, geralmente um câncer RER 2 positivo, os mais comuns em jovens", afirmou.

Ainda é perceptível que muitas pacientes deixam de realizar o exame da mamografia, por apresentar desconforto na hora do procedimento. De acordo com Jéssica Portela, a mama feminina é um órgão bastante sensível, pode ficar mais dolorida, e há momentos que ela pode apresentar poucas dores.

"Durante o exame de mamografia, o aparelho vai emitir um raio x e produzir a imagem da mama, e a compressão é justamente o desconforto das pacientes, pois é uma forma de diminuir a espessura da mama e evitar a sobreposição da glândula mamária. Mas hoje em dia, os aparelhos conseguem produzir uma imagem da mama melhor, sem a necessidade dessa compressão excessiva que tinha antigamente. Os aparelhos mais novos apresentam uma compressão menor e a paciente aceita melhor fazer o exame. A dica que dou para estas pacientes, é não façam o exame próximo da menstruação, deixe para fazer depois, porque é comum nesse período, a mama estar mais inchada e fica mais sensível, então como forma de sentir menos desconforto, sugerimos esta dica", concluiu.

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários